Na obra literária "Navio negreiro", escrita por Castro Alves, acompanha-se a realidade precária da vida dos africanos relativa ao racismo no período colonial. Fora da ficção, essa conjuntura é real, e ainda causa entraves na atualidade, como os desafios para a valorização da herança africana no Brasil. Sobre isso, destacam-se aspectos governamentais e sociais.
De início, convém salientar que o conformismo estatal acerca do assunto corrobora diretamente com a permanência do entrave, posto que este se revela inerte, ignorando o dubitável. Sob essa ótica, o repórter Thiago Granja, em um dos seus artigos de opinião, afirmou: o comodismo brasileiro não é dos despossuídos, é das elites, que fingem que os problemas sociais não as pertencem. De maneira análoga, e considerando que o governo seja parte do segundo grupo, é isso o que se sucede no país quanto as dificuldades para valorizar o legado africano. Pode-se afirmar isso, uma vez que ele não cria políticas públicas voltadas para esta atividade, como eventos escolares - de cunho público - visando o reconhecimento da herança cultural da África na nação. Dessa forma, isso fomenta a invisibilidade do tema, favorecendo seu esquecimento.
Além disso, é pertinente salientar que a trivialização desses desafios é um dos contribuintes centrais da problemática, em razão de que, com a normalização desse apagamento histórico, os cidadãos deixam de se importar com seus impactos. Sob esse viés, a filósofa Hannah Arendt criou o conceito de "banalidade do mal", em que afiança que o mau comportamento humano advém da mediocridade do pensar, isto é, da falta de empatia de parcela da população. Isso ocorre, ainda segundo Arendt, graças a frequente exposição a má conduta, que acontece, por exemplo, nas redes sociais. De maneira congênere, é o que acontece no Brasil, uma vez que, com a alienação da população, esta passa a tornar os desafios para a valorização da herança africana no Brasil banais, invisibilizando-os. Dessa forma, faz-se necessária a reformulação dos interesses públicos, buscando a conscientização acerca de problemáticas, para que a sociedade aja contra seus impactos.
Portanto, após analisar os fatos descritos, evidencia-se a necessidade de medidas. Logo, cabe ao Estado, responsável pelo bem-estar social, investir em campanhas de valorização do legado africano no território nacional, por meio de exposições públicas, a fim de sanar os desafios ligados a este entrave. Outrossim, investir em publicidades relacionadas à esta herança, buscando valorizar a história desse povo, como na narrativa citada acima.