A obra "redenção de Cam" de Modesto Brocos retrata o alívio de uma mulher negra ao presenciar que seu neto, fruto do relacionamento de sua filha de pele parda e um homem branco, também nascera branco. A imagem, representa o processo da perda das origens de matriz africana, que se faz presente no Brasil a muitas gerações, a fim de evitar o preconceito racial instituído desde o período da escravidão. assim, grande porcentagem da população negra tende a renegar sua herança por vergonha ou medo de injustiças.

Primeiramente, é de suma importância ressaltar a pauta do viés racial, que ainda se faz presente na atualidade. A frase "É mais fácil desintegrar um átomo do que o preconceito", dita pelo renomado cientista alemão Albert Einstein, evidencia como o preconceito é fortemente imposto na sociedade ao longo de eras e que se vê difícil sua total extinção. No Brasil não é diferente, pois a visibilidade da comunidade afrodescendente é encoberta pela exclusão de seus membros em diversos ambientes, a tendência à zombaria de seus traços e até mesmo crimes de ódio, registrados com frequência.

Paralelamente a estes fatos, é notório que a população negra é constantemente inferiorizada e forçada a buscar por padrões de "embranquecimento social". Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a comunidade afro-brasileira representa 56% da população brasileira, e, mesmo assim, a falta de representatividade em veículos de mídia, em instituições educacionais e sociais se faz muito presente. Desta forma, estas pessoas tendem a buscar por padrões de aparência e culturais de pessoas brancas para se enquadrar na sociedade e evitar as desigualdades impostas, renegando suas matrizes originárias e perdendo a identidade cultural ancestral.

Portanto, é de suma importância a adoção de políticas acerca de tais viés. O governo deve investir na implementação de programas que evidenciem o orgulho afrodescendente, que devem ser adotados principalmente em instituições educacionais, a fim de formar o bom senso e a igualdade desde os mais jovens. Ademais, verbas devem ser destinadas para a propagação de propagandas informativas e conscientes, implementação de políticas que prezem a maior participação de pessoas negras em diversos ambientes sociais, e uma fiscalização mais justa da legislação que protege essa população. Assim, o país pode se ver livre das desigualdades impostas na sociedade, respeitando a origem de cada ser.