A obra do artista plástico Cândido Portinari retrata um universo marcado pela exclusão social, ilustrando como problemas sociais e históricos persistem ao longo de gerações. Fora do campo artístico, observa-se que essa marginalização é uma realidade vivida pela herança africana no Brasil, constantemente desvalorizada devido a fatores estruturais que ainda perpetuam desigualdades. Com base nesse viés, é fundamental compreender os fatores que dificultam a valorização da cultura afro-brasileira, bem como seu impacto na sociedade.

Diante desse cenário, é evidente que a desvalorização da herança africana no Brasil repercute diretamente na falta de pertencimento e de reconhecimento nacional. Segundo o historiador José Murilo de Carvalho, o sentimento de pertencimento está ligado à coexistência dos direitos sociais, políticos e civis. No entanto, a cultura afro-brasileira, muitas vezes estigmatizada, não tem sua relevância histórica e cultural reconhecida, o que compromete a cidadania plena e a igualdade de direitos no país. Isso é ilustrado na tela "Favelas" de Portinari, que mostra a realidade marginalizada das comunidades.

Além disso, o principal impacto da desvalorização da herança africana no Brasil é a manutenção das raízes desiguais. Tal fato ocorre porque, como foi estudado pela jornalista Eliane Brum em "A Vida que Ninguém Vê", indivíduos marginalizados,como afrodescendentes, muitas vezes são invisibilizados pelo estado e pela sociedade.

Esse cenário evidencia a existência de estruturas que ainda mantêm poderes de discriminação, impedindo o reconhecimento e a valorização da contribuição africana na cultura brasileira. Portanto, torna-se urgente resolver esses desafios para promover a valorização da cultura afro-brasileira. Para isso, é essencial que o Poder Executivo Federal, por meio do ministério da cultura e da educação, desenvolva programas de valorização da cultura afro-brasileira. Tal iniciativa ocorreria por meio de um projeto nacional de conscientização e educação que incorporaria a história e a cultura africanas nos currículos escolares. Afinal, reconhecer e valorizar a herança africana é um passo essencial para construir uma sociedade mais justa e igualitária.