Na obra "Utopia", do escritor inglês Thomas More, é retratada uma sociedade perfeita, caracterizada pela ausência de conflitos e mazelas. Todavia, fora da ficção a realidade contemporânea está longe disso, pois se enfrenta diversos desafios, dentre eles, a falta de valorização da herança africana no mundo e principalmente no Brasil. A construção social e o descaso governamental são fatores que favorecem esse impasse.
Percebe-se, a princípio, que a negligência estatal possui íntima relação com o revés. Conforme o sociólogo polonês Zygmunt Bauman, o estado age como uma "Instituição Zumbi", mantendo sua estrutura vigente, contudo, não cumpre com suas obrigações sociais e falha ao valorizar essa rica cultura, limitando suas ações culturais e não integrando o público com a herança deixada, divulgando pouco os feitos históricos dos "heróis" que lutaram em tempos sombrios como Zumbi dos Palmares, que lutou pela liberdade de seu povo durante a escravidão.
Ressalta-se, ademais, a construção da sociedade como um agravante, onde muitas vezes repudiam-se os descendentes africanos, bem como suas crenças e seus feitos. Segundo o filósofo brasileiro Ariano Suassuna, no Brasil há dois países: o país dos privilegiados e o país dos despossuídos, o que evidencia a desigualdade social fazendo esses povos, em grande maioria, negros, recorrerem a piores condições de trabalho e consequentemente de renda.
Infere-se, portanto, a necessidade de combater esse problema e cabe ao estado enquanto Ministério da Cultura, promover mais ações que valorizem a herança deixada pelos africanos no Brasil, além de criar o "Heróis Africanos" com a finalidade de vangloriar os feitos e os principais personagens que regem esta história, pois, somente assim, será possível aproximar a sociedade com o tema e alcançar a "Utopia" descrita pelo inglês.