Na obra "O cidadão de papel", o jornalista Gilberto Dimenstein critica o sistema de leis no Brasil, o qual tem uma base estruturada, porém, carece efetivamente na prática. De maneira análoga, a ideia disseminada na narrativa permanece na realidade brasileira, evidenciando as dificuldades de inserção e valorização da herança africana através da carência legislativa. Desse modo, diante da recorrente negligência governamental e do silêncio midiático, os desafios para a inserção de leis a fim de evidenciar essa cultura crescem gradativamente.
Sob este prisma, é indispensável ressaltar o descaso estatal como intensificador do impasse. Segundo Thomas Hobbes, filósofo inglês, em sua teoria de contrato social, o Estado é diretamente responsável pelo bem-estar social. Entretanto, é notório como o governo brasileiro rompe com esse contexto ao não promover a valorização da cultura e ancestralidade de seus afrodescendentes, o que, pode se averiguado na carência de políticas públicas e decorrente marginalização desse grupo. Em um âmbito de limitado amparo governamental, as heranças africanas são fossilizadas de modo que seu legado se torne evidente unicamente as minorias explicitamente pertencentes ao berço afro brasileiro.
Além disso, é fulcral pontuar como a omissão midiática compactua com esse empecilho. Djamila Ribeiro, filósofo e ativista, ressalta que as situações devem ser tiradas em invisibilidade para que medidas de enfrentamento sejam tomadas. Visto que, os veículos de informação brasileiros majoritariamente visam retratar logísticas voltadas ao entretenimento, pautas como a representação racial se tornam escassas, a vasta inserção da cultura na mídia e o preconceito enraizado desde a realidade escravocrata intensificam as disparidades sociais de maneira que a propagação cultural seja mínima. Desse modo, fica evidente a necessidade de um olhar crítico acerca do tema retratado.
Depreende-se, portanto, o indiscutível dever do Órgão Governamental na melhoria da legislação brasileira e na implementação de projetos a fim de enfatizar as heranças da ancestralidade africana. Essas medidas podem ser tomadas através de palestras em escolas com profissionais que representam a cultura e inserção de políticas públicas que visam valorizar e viabilizar esse legado. O papel da mídia também é indispensável nesse viés, campanhas em redes sociais, reportagens televisionadas com figuras de berço africano e postagens em veículos midiáticos a fim de promover a desconfinalização dos costumes e vivências desse grupo são exemplos de medidas para mitigar as carências de informações presentes nesse âmbito. Para que assim, os desafios para a valorização da herança africana no Brasil se tornem mínimos, promovendo o conhecimento cultural e rompendo com os estereótipos raciais.