Na obra "Ensaio Sobre a cegueira" José Saramago retrata uma cidade afetada por uma epidemia de cegueira branca, levando seus habitantes a perderem a capacidade de enxergar, e consequentemente, a noção de convivência e empatia. Analogamente, observa-se que essa cegueira moral ocorre no Brasil, no sentido de que os indivíduos fecham os olhos quando trata-se dos desafios da valorização da herança africana, caracterizado por estigmas e preconceitos. Diante disso, nota-se que o problema ocorre não só por lacuna educacional, mas também por alienação social, o que revisita a solução do problema.

Sob esse viés analítico, a lacuna é um agravante da valorização da herança africana, uma vez que as escolas não ofertam o conhecimento sobre a cultura africana. Isso acontece principalmente por ausência de investimento em programas educacionais voltados para promover as tradições deixada por povos africanos, como a dança, arte e a cultura. Nesse contexto, o filósofo inglês John Locke argumenta que os cidadãos delegam confiança ao Estado para que este assegure seus direitos básicos. Tal argumentação é válida ao analisar falha do Estado na implementação de ações educativas para a sociedade, levando assim o aumento de estigmas e preconceitos com a herança deixados por africanos.

Além disso, alienação social é um promotor do problema, haja vista que os indivíduos não buscam se manifestar sobre as tradições africanas, resultando uma sociedade alienada. Por exemplo, os cidadãos não procuram participar de debates culturais que promovam conhecimento histórico e cultural, ao invés, disso passam maior parte do dia absorvendo conteúdo nas redes sociais que não agregam conhecimento em relação às heranças dos povos africanos, o que gera consequências graves como o aumento dos níveis desconhecimento sobre práticas culturais e uma sociedade que não reconhece a história do seu povo, atrasando a solução do problema.

Portanto, a fim de diminuir os desafios da valorização da herança africana. Cabe ao Ministério da Educação, cuja função é garantir um ensino de qualidade para todos os indivíduos, criar programas educacionais voltados para o ensino da valorização da cultura africana, por meio do aumento de investimentos em políticas públicas eficientes com a finalidade de promover conhecimentos sobre as tradições africanas. Outrossim, o MEC pode ampliar as campanhas de conscientização social sobre a importância do reconhecimento sobre a herança africana, através de palestras ou podcast. Assim, o Brasil poderá viver uma realidade diferente, onde os indivíduos estarão aptos enxergar os problemas sociais.