De acordo com a escritora e ativista Djamila Ribeiro em "Racismo Estrutural", o preconceito racial não se limita aos atos de violência física e moral, mas também se dá pela desvalorização da cultura afro-brasileira como um todo. Nesse sentido, tanto os estigmas firmados pela mídia quanto a restrição da história africana à escravidão, prejudicam a formação de uma identidade cultural.
Os agentes da comunicação reforçam uma visão homogenizada, eliminando a diversidade cultural e resumindo um continente e uma história a esteriótipos religiosos e costumeiros, muitas vezes simplistas. Na música "Kenye", baco exu do blues proclama "Ser negro não é só cor de pele, coisa que joalheiro entende". Assim como na canção, a problemática afeta o discernimento de que a herança desse grupo está na riqueza musical, artística, gastronômica e religiosa, reservando a identidade aos discursos sobre resistência e aos horrores da escravidão.
Além disso, as instituições educacionais tendem a veicular informações simplórias sobre a história do continente. No filme "Estrelas além do tempo", temos a trajetória da primeira mulher negra a trabalhar na NASA, tal qual suas descobertas, úteis para o cenário mundial. Ao ignorar as criações do povo afrodescendente, ou não dar os devidos créditos às contribuições, tem-se uma segregação de culturas que, socialmente, apaga a herança afro-brasileira.
Para combater a deturpação da herança africana causada pela mídia e disseminada pelas escolas, essas instituições devem ampliar o contato dos jovens com elementos atuais de origem africana, por meio de aulas que utilizem os meios de comunicação, como aulas sobre hip-hop, o samba, o rap e entre outros. Tal medida é necessária para dar visibilidade, através dos veículos midiáticos, às referências do meio, ao mesmo tempo que exalta a cultura africana. Desse modo, pode-se valorizar todos os aspectos dela, contemplando sua importância para a identidade nacional.