Na obra "Vidas Secas" de Graciliano Ramos, é retratado a exploração, a miséria e a falta de amparo social no campo brasileiro. Embora narrado em 1930, são problemas que ecoam até os dias atuais na luta para assegurar os direitos do trabalhador rural e fortalecer a agricultura familiar na sociedade brasileira. Logo, pode-se destacar a precarização das condições de trabalho e a desigualdade fundiária como as principais causas desse entrave.
Em primeiro plano, a precarização das condições de trabalho possibilita a exclusão social do campo e dificulta a consolidação de uma agricultura familiar. Consoante ao escritor Josué Castro em "A Geografia da Fome" , a fome e a pobreza no campo é resultado da exploração, do trabalhador rural e da desconcentração fundiária. Nesse sentido, a precarização das condições de trabalho constitui como o principal desafio para a efetivação dos direitos dessa classe e para o fortalecimento da agricultura familiar, que é essencial para a segurança alimentar. Com base nisso, a precarização das condições de trabalho corrobora a temática mostrada.
Ademais, a desigualdade fundiária também constitui como importante fator que aprofunda o descaso com os trabalhadores rurais e a agricultura familiar. Nesse viés, o MST - Movimento dos Trabalhadores Sem Terra - luta pela reforma agrária, pelo acesso à terra e por condições dignas de trabalho. Sob esse prisma, é evidenciado que, mesmo décadas após o Estatuto da Terra, a desigualdade fundiária persiste e impede muitos trabalhadores de ter autonomia produtiva, sem terra regularizada, o trabalhador fica vulnerável à exploração e à instabilidade econômica. Em suma, a desigualdade fundiária é um fator agravante da problemática exposta.
Infere-se, portanto, que a precarização das condições de trabalho e a desigualdade fundiária configuram-se, como os dois desafios para assegurar os direitos do trabalhador rural e garantir a agricultura familiar no Brasil. Nessa ótica, o Governo Federal - órgão máximo responsável pela ordem social - por meio de políticas públicas eficazes, deve garantir condições dignas de trabalho e executar de forma efetiva a reforma agrária, distribuindo terras de forma justa. Feito isso, os direitos trabalhistas serão assegurados e a agricultura familiar será garantida.