Djamila Ribeiro, escritora brasileira, afirma em suas obras que, para enfrentar um problema, é preciso retirá-lo da invisibilidade. Tal reflexão pode ser diretamente relacionada aos desafios para combater a evasão escolar no Brasil. Essa questão persiste na atualidade devido à negligência estatal e à desigualdade social. Diante desse cenário, torna-se necessário analisar a negligência estatal como parte central do impasse. Segundo o filósofo polonês Zygmunt Bauman, uma instituição que se desvia de sua função original assemelha-se a um “zumbi”. Sob essa ótica, o Estado brasileiro se aproxima dessa metáfora ao negligenciar seu papel diante de fatores socioeconômicos que contribuem para a evasão escolar. Entre eles estão a necessidade dos jovens trabalharem para complementarem a renda familiar, as dificuldades de aprendizagem, o bullying, a gravidez precoce e a insegurança no ambiente escolar. Esses elementos, quando não enfrentados pelo poder público, geram desmotivação e dificultam a permanência dos estudantes na escola. Assim, é indispensável a implementação de medidas eficazes que revertam tal cenário. Além disso, destaca-se a desigualdade social como agente impulsionador do problema. De acordo com o sociólogo alemão Georg Simmel, em The Metropolis and Mental Life, a “atitude blasé” caracteriza-se pela indiferença diante de situações que exigiriam atenção. Nessa perspectiva, a vulnerabilidade vivenciada por grande parte dos jovens — marcada pela dificuldade de inserção no mercado de trabalho, desemprego, baixos salários, maior exposição à criminalidade, problemas de saúde mental e pouca autoestima — contribui para o desânimo e para a percepção de que a escola não oferece oportunidades reais de ascensão social. Portanto, para solucionar esse conflito, o Governo Federal, em parceria com o Ministério da Educação — responsável pela gestão da educação formal / pela formação de cidadãos críticos/conscientes — deve reforçar programas como o pé de meia e tornar a escola mais acolhedora, oferecer acompanhamento pedagógico e emocional aos alunos, adaptar o ensino às necessidades de cada um e incentivar grêmios estudantis. Com essas ações, mais jovens permanecerão na escola e concluirão seus estudos, ajudando a reduzir a evasão e promover uma sociedade mais justa.