A obra literária "O ensaio sobre a cegueira", de Saramago, apresenta uma narrativa de uma sociedade "cega" no que tange aos problemas sociais. Entretanto, fora da ficção, a crítica do autor pode ser vista na atual conjuntura brasileira, haja vista que muitos indivíduos não vêem o efeito do bullying escolar, o que torna os desafios para combater o problema mais difíceis de serem superados. Dessa forma, percebe-se a configuração de um grande obstáculo, que se encaixa tanto pela negligência do Estado quanto pelo preconceito.
Segundo o sociólogo Bauman, "o estado é responsável pelo bem-estar da sociedade", porém, tal ação não é vista no Brasil, visto que o governo pouco faz para combater o bullying no ambiente escolar.
Diante tal cenário, Hannah Arendt desenvolveu o conceito de "banalidade do mal", onde diz que o mal pode se manifestar de maneira banal e comum, através da conformidade e aceitação passiva de normas sociais prejudiciais. Conceito esse que também pode ser usado para discutir como atos de bullying podem ser vistos como pequenos ou insignificantes para o corpo social, o que contribui para os desafios presentes contra à prática de bullying serem pouco discutidos em nossa nação.
Portanto, visto as poucas discussões que perpetuam a permanência dos desafios contra o bullying nas escolas, é mister uma ação governamental para combatê-los. Diante disso, deve-se itensificar os meios para evitar tal ocorrido e métodos de acolhimento para as vítimas. Para tal, é preciso um direcionamento de verbas para a criação de grupos de apoio para vítimas de bullying, onde possam se abrir sobre como o bullying as afeta e ter um lugar onde se sinta acolhido para conseguir enfrentar as consequências psicológicas que esse meio de intimidação gera. Além disso, devem ser feitas palestras para miticar a banalização maléfica do bullying escolar sugerida por Arendt. Mediante essas ações, poderemos vivenciar a lei proposta pela ONU e superarmos os desafios para combater a prática de bullying no ambiente escolar.