O contrato social, conforme elaborado pelo filósofo iluminista Jean-Jacques Rousseau, reflete a necessidade da dignidade humana ser assegurada de maneira quantitativa e igualitária. Segundo ele, esse direito inegável só poderia ser alcançado através da hegemonização de uma qualidade de vida generalizada. Trazendo essa reflexão para a contemporaneidade, notamos que as disparidades sociais ainda são uma realidade evidente em nossa sociedade. A omissão do Estado, somada à indiferença da classe média, agrava o distanciamento entre a sociedade atual e aquela idealizada por Rousseau.

Sob essa ótica, o governo brasileiro realiza quebras periódicas tanto contra sua própria Constituição quanto contra os princípios do contrato social. Embora este preveja direitos e deveres tanto para o Estado quanto para a população, o trabalhador médio, mesmo cumprindo sua parte no contrato – ou seja, seus deveres cívicos –, frequentemente tem negados seus direitos à saúde, educação e moradia. Essa situação encontra eco no versículo bíblico de Eclesiastes 9:8, que afirma: “Homem domina homem para seu próprio prejuízo”. Tal metáfora pode ser associada à atual omissão e negligência estatal em relação aos povos indígenas e às camadas mais vulneráveis da sociedade.

Em consonância com o exposto, temos ainda uma classe social completamente alienada a tais problemas: a classe média brasileira. Esse ponto é explicado, segundo a economista portuguesa Maria da Conceição Tavares, por uma “anestesia social” resultante dos privilégios que esta classe possui. Apesar de, frequentemente, deter maiores níveis de conhecimento político e possuir ferramentas para enfrentar essas questões, a ausência de consciência de classe faz com que, de maneira egoísta, prefira preservar seus privilégios em detrimento do bem coletivo.

Analisando os argumentos apresentados, é possível notar que a alienação tanto do governo quanto da classe média dificulta a consolidação da dignidade humana como uma norma geral. Ademais, Para que essa dignidade seja acessível a toda a população – e não uma exceção reservada aos mais ricos –, é necessário que o ministério da educação (MEC) trabalhe na difusão do conhecimento e na conscientização por meio das redes sociais do governo e projetos como o "socializando" que ofertaria palestras para melhorar consciência de classe para a população; Tais ações devem ser direcionadas, principalmente, às metrópoles mais elitizadas, de modo a promover uma verdadeira transformação social.