No atual contexto brasileiro, são evidentes os desafios para garantir a assistência aos refugiados climáticos. Esse cenário decorre, sobretudo, de uma causa estatal e de uma social. Faz-se necessária a alteração dessa conjuntura adversa.

De início, é válido destacar a falha governamental acerca da garantia de assistência aos refugiados climáticos. Sobre isso, cabe fazer referência à Lei Orçamentária Anual (LOA), premissa jurídica que regula os gastos e as receitas do governo, não apresenta a assistência social como prioridade, aspecto que torna escasso o direcionamento de verbas públicas para o amparo de vítimas por catástrofes ambientais, como enchentes, secas e incêndios florestais. Desse modo, a insuficiência de investimentos nessa área contribui para que esses indivíduos enfrentem condições de extrema vulnerabilidade, visto que, sem o suporte necessário, muitos acabam desabrigados ou vivendo em moradias precárias, sem acesso à alimentação e a produtos de higiene, o que intensifica o índice de pobreza do país e, consequentemente, a exclusão dessas pessoas. Assim, é imprescindível intervir nessa problemática em prol de garantir-lhes amparo e dignidade.

Ademais, a indiferença da sociedade brasileira diante dos refugiados climáticos agrava o cenário de exclusão vivido por esse grupo. Acerca disso, o sociólogo Zygmunt Bauman, em "Modernidade Líquida", explica que a fluidez das relações contemporâneas gera uma sociedade cada vez mais individualista e distante das questões coletivas. Nesse sentido, percebe-se que grande parte da população tende a considerar os deslocados ambientais como um problema restrito ao poder público, eximindo-se de qualquer responsabilidade social. Essa postura de apatia manifesta-se na falta de iniciativas solidárias, a exemplo de doações de alimentos ou de roupas, agravando a situação desses migrantes, por não terem onde ficar ou o que vestir e comer. Dessa forma, a ausência de colaboração reforça a negligência diante de uma crise humanitária que exige engajamento social.

Portanto, a fim de garantir a assistência aos refugiados climáticos brasileiros, é essencial que o Governo - responsável pelo bem-estar social - aumente os recursos destinados à assistência social. Essa ação ocorrerá por meio do reajuste da LOA, com a finalidade de disponibilizar maiores investimentos para adquirir produtos de alimentação e de higiene ou até mesmo conseguir construir abrigos para amparar esses indivíduos quando necessário. Além disso, é importante a criação de campanhas para conscientizar a sociedade que os casos de migrantes climáticos não são de responsabilidade apenas do poder público e que necessita da solidariedade de todos para ser possível reconstruir a dignidade dessas pessoas afetadas por catástrofes ambientais.