A música "A vida é desafio", do grupo Racionais MC's, reflete sobre problemas sociais existentes no Brasil, como exemplificado no verso: "500 anos de Brasil e o Brasil aqui nada mudou". Nesse contexto, os desafios para inserir os deficientes no mercado de trabalho é um exemplo que persiste ao longo dos anos, contribuindo para a manutenção das desigualdades sociais no país. Esse problema é potencializado pela falha Estatal e a falha na formação cidadã, o que exige a tomada de medidas urgentes.

Em primeiro lugar, a carência de políticas públicas eficazes para enfrentar o problema configura-se como uma das principais barreiras ao seu desenvolvimento. A partir disso, o filósofo francês Michel Foucault, em uma de suas análises sobre poder, afirmou que questões de interesse coletivo muitas vezes são silenciadas para a manutenção das estruturas sociais - algo evidente no Brasil, onde a fiscalização insatisfatória da Lei de Cotas nas empresas brasileiras impede que o ingresso de pessoas deficientes seja feito, visto que não é fornecido oportunidades de trabalho e acessibilidade necessária para esses indivíduos. Consequentemente, o Estado contribui para a perpetuação de um cenário em que a dificuldade de acesso e permanência no ambiente profissional, essenciais para a transformação da sociedade, não são adequadamente resolvidos.

Além disso, as lacunas na formação da cidadania agravam essa questão. Nesse sentido, para o filósofo alemão Immanuel Kant, a educação é o meio pelo qual o ser humano pode atingir plena realização moral. No entanto, no Brasil, o ensino básico não prioriza a promoção de valores como empatia e contra estigmas sociais com pessoas deficientes, que são fundamentais para a descontinuação do capacitismo, onde esses indivíduos tem suas capacidades inferiorizadas na visão social. Como resultado, muitos jovens não são preparados para respeitar as diversidades de deficiências, o que prejudica a formação de indivíduos conscientes de seu papel social e aptos a contribuir com o bem estar coletivo.

Depreende-se, portanto, a necessidade de combater o óbice no Brasil. Logo, cabe ao Estado, fiscalizar as leis impostas no mercado de trabalho, verificando sua efetividade e ambientação adequada para portadores de deficiência. Essa ação deve ocorrer por meio de visitas periódicas nessas empresas por pessoas qualificadas profissionalmente, a fim de garantir funcionalidade e inclusão desses indivíduos. Paralelamente, cabe às Escolas criar projetos interdisciplinares com especialistas, a fim de conscientizar os alunos da importância da inserção de pessoas com desafios especiais no cenário laboral para a diversidade. Assim, será possível construir uma sociedade mais equilibrada, capaz de romper com a realidade estagnada retratada na música dos Racionais MC's.