Thomas More, em sua obra "Utopia", idealiza uma sociedade perfeita, com a ausência de conflitos sociais. Transpondo a ficção e analisando os desafios para o combate ao capacitismo no Brasil, fica evidente que o país está longe da perfeição. Nesse contexto, o conflito apresentado se assevera devido à desinformação parental e à lacuna educacional.
Diante desse cenário, a ignorância dos pais propaga a cultura capacitista. Segundo o filósofo Aristóteles, a família tem papel basilar na educação e formação dos indivíduos. Sob esse viés, o estigma e a falta de informação acerca das diferenças físicas e cognitivas foram passadas de geração em geração desde a Idade Média, época em que era comum excluir doentes e pessoas com deficiência (PCDs) da sociedade. Atualmente, devido a essa alienação, as crianças são ensinadas desde a infância a se comportarem preconceituosamente. Dessa forma, a criação estigmatizada leva os indivíduos a propagar o capacitismo dentro da sociedade.
Além disso, a inércia escolar dentro da situação apresentada permite a disseminação da discriminação. No livro "Minha Melhor Parte", a protagonista possui limitação funcional na mão esquerda e, por esse motivo, sofre bullying no colégio e nenhum educador repreende os alunos culpados. Fora da literatura, as escolas não educam corretamente os jovens em relação às deficiências; elas apenas ignoram e procuram abafar casos de capacitismo ocorridos dentro de seu espaço. Dessa maneira, as crianças compreendem que não há problema em maltratar ou satirizar PCDs e, consequentemente, se tornam adultos que propagam o preconceito e desinformação.
Portanto, urgem medidas para reverter a disseminação do capacitismo. Para isso, cabe ao Ministério da Educação, responsável pela educação de qualidade, criar palestras educativas aos pais e aos alunos, por meio da explicação de médicos e psicólogos especializados sobre as deficiências e como elas impactam na vida das pessoas, a exemplo de dinâmicas em que os alunos devem fazer coisas de forma limitada, sem usar uma das mãos ou andar pelas ruas em uma cadeira de rodas. Essas medidas têm por finalidade gerar empatia nos cidadãos e propagá-la ao invés do preconceito. Assim, será possível que a cultura capacitista seja combatida e o Brasil se aproxime da sociedade perfeita idealizada por Thomas More.