Em uma sociedade em constante transformação, torna-se cada vez mais evidente a necessidade de repensar as estruturas que limitam o pleno desenvolvimento humano. Entre os principais entraves à construção de uma nação igualitária, destaca-se o racismo estrutural, que compromete não apenas o bem-estar coletivo, mas também os princípios de equidade e justiça social. Tal cenário é impulsionado, sobretudo, pela omissão governamental e pelas persistentes desigualdades sociais.

Antes de tudo, percebe-se um evidente descaso do poder público diante dos desafios enfrentados pelas pessoas que sofrem racismo. De acordo com o artigo 6º da Constituição Federal de 1988, todos têm direito à dignidade, mas essa garantia nem sempre se concretiza na prática, principalmente diante da falta de atenção às vítimas de preconceito racial. Como resultado, pessoas negras acabam sendo marginalizadas pela sociedade, o que provoca exclusão social, baixa autoestima e, muitas vezes, problemas psicológicos. Assim, a inação do Estado não apenas favorece a continuidade do racismo, mas também compromete o desenvolvimento das futuras gerações.

Além disso, é cabível pontuar que as desigualdades sociais intensificam os desafios para o combate ao racismo no Brasil. Nessa perspectiva, conforme a filósofa Hannah Arendt, “a essência dos direitos humanos é o direito a ter direitos”. Todavia, essa reflexão ainda não se concretiza no contexto brasileiro, já que o racismo estrutural perpetua a negação de oportunidades e o esquecimento de uma parcela significativa da população. Dessa forma, a persistência dessas desigualdades aprofunda a vulnerabilidade dos indivíduos e perpetua o problema.

Portanto, cabe ao Estado investir uma maior parcela do PIB no combate ao racismo estrutural. Essa ação deve ser conduzida pelo Ministério da Igualdade Racial (MIR), órgão responsável por elaborar planos e políticas públicas voltadas à ampliação de oportunidades e à valorização da população negra. Com isso, a aplicação de medidas eficazes busca construir uma sociedade mais justa, equitativa e inclusiva, na qual as desigualdades sistêmicas e as violências cotidianas decorrentes do preconceito racial sejam eliminadas. Tal iniciativa visa superar tanto a omissão governamental quanto as desigualdades sociais, promovendo, enfim, o verdadeiro exercício da igualdade no Brasil.