Em meados do século XX, o escritor austríaco Stefan Zweig mudou-se para o Brasil devido à perseguição nazista na Europa. Bem recebido, escreveu o livro “Brasil, país do futuro”, no qual expressou esperança no potencial da nova pátria. Entretanto, ao analisar o contexto atual, nota-se que o país ainda enfrenta desafios relacionados ao enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil, o que inviabiliza seu pleno desenvolvimento. Nesse contexto, é possível afirmar que essa problemática persiste não apenas em razão da desigualdade de gênero, mas também da negligência governamental, o que evidencia a urgência de medidas efetivas.
É notório que a questão constitucional e sua aplicação figuram entre as principais causas do problema. Segundo o filósofo grego Aristóteles, a política deve ser utilizada de modo que, por meio da justiça, o equilíbrio social seja alcançado. De maneira análoga, observa-se que, no Brasil, a desigualdade de gênero rompe essa harmonia, haja vista que as mulheres recebem menos em comparação com os homens por horas semanais. Outrossim, destaca-se a negligência governamental como fator que agrava esse cenário.
De acordo com o sociólogo francês Émile Durkheim, o fato social é uma maneira coletiva de agir e de pensar, que influencia o comportamento dos indivíduos. Sob essa ótica, observa-se que a negligência governamental reflete um padrão social nocivo, visto que as mulheres na sociedade ainda são vista, como inferiores aos homens, tendo como consequência, salários menos remunerados e a invisibilidade dos cuidados exercidos por elas. Assim, fica evidente que o contexto brasileiro ainda carece de ações eficazes para mitigar essa questão.
Portanto, cabe ao Estado implementar políticas públicas de sensibilização, por meio de campanhas educativas em meios de comunicação como a televisão e a internet, a fim de promover o respeito e a equidade social de gênero. Desse modo, o poder público — órgão responsável por manter a ordem da nação — deve agir de forma efetiva, assegurando que o Brasil possa, enfim, concretizar o ideal de “país do futuro” previsto por Stefan Zweig, não apenas em potencial, mas em realidade.