Conforme o filósofo Zygmunt Bauman, "nenhuma sociedade que esquece da arte de questionar, pode esperar encontrar soluções para os problemas que a afligem". Consoante ao parecer do filósofo, a questão da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil, é um problema que se encontra às margens da sociedade. Nessa perspectiva, convém pontuar o legado histórico e a alienação social, como motivadores do problema.
Diante do exposto, a continuidade da história, no que tange à pouca visibilidade do trabalho de cuidado feminino, é um dos fatores agravantes do apuro. Segundo o sociólogo Karl Marx, "a história se repete, a primeira vez como tragédia, e a segunda como farsa", ou seja, no Brasil anterior, o trabalho doméstico feminino era visto com inevitável e, por isso, pouco creditado, em semelhança, na atualidade, ele é desvalorizado. Em concordância a esse ponto de vista, a falta de progressão da mentalidade histórico-moderna acarreta na continuação de invisibilidade do trabalho de cuidado realizado por mulheres, em consequência, há uma visão objetificada da mulher na sociedade, como protagonista nos trabalhos domésticos.
Além disso, outro motivador para a necessidade de enfrentar a invisibilidade do trabalho feminino é a alienação da população. Em conformidade ao conceito de "Moral de rebanho", cunhado pelo filósofo Friedrich Nietzsche, há, na modernidade, um comportamento essencialmente irrefletido e submisso aos valores dominantes da associação popular, isto é, tem-se nos valores dominantes, ideais patriarcais, por isso, esses influenciam na falta de visibilidade aos esforços femininos. Nesse sentido, a alienação social quanto ao trabalho de cuidado realizado por mulheres se fará ainda presente se não houver reflexão e mudança sobre os valores dominantes da nação.
Portanto, contextualiza-se a invisibilidade do trabalho de cuidado feminino como um infortúnio para uma nação emergente. Sendo assim, cabe ao Ministério da Cidadania, em conjunto à Mídia, rede de amplo alcance populacional, criarem iniciativas de conscientização acerca da proeminência feminina no trabalho doméstico, por meio de políticas públicas e propagandas de incentivo da desconcentração feminina no âmbito exclusivamente doméstico, a fim de evitar a estatização da história e incentivar a reflexão social sobre os valores dominantes. Assim, poder-se-á o Brasil tornar um país harmônio e distante de se tornar a sociedade teorizada pelo polonês Zygmunt Bauman.