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Por allanpaixao
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Na obra “Brasil: uma biografia” a antropóloga Lília Schwarcz afirma a existência de uma “política de eufemismos” em nosso país, isto é, há uma prática de suavizar os empecilhos da sociedade e, consequentemente, permanecer invisível. Dessa forma, análogo ao Brasil contemporâneo, essa perspectiva dialoga com os desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher, visto que tal óbice se perpetua não só pela negligência estatal, mas também pelo baixo engajamento midiático.
Diante desse cenário, nota-se, a princípio, que a inoperância governamental é um fator agravante da desvalorização de mulheres que trabalham como cuidadoras no Brasil. Consoante geógrafo Milton Santos, em seu texto “Cidadanias Mutiladas”, a cidadania atinge a plenitude de sua eficácia quando os direitos os direitos do corpo social são homogeneamente desfrutados. Entretanto, no contexto hodierno, a passividade do Estado essa classe trabalhadora dos direitos constitucionalmente garantidos, à medida que marginaliza esse grupo minoritário de uma vida digna e boa renda mensal, fato desenvolvido pela desvalorização desse trabalho.
Ademais, ressalta-se que o silenciamento midiático potencializa esse cenário. Nesse viés, segundo o professor Yuval Harari, em sua obra “21 lições para o século XXI”, grande parte dos indivíduos não é capaz de perceber as reais adversidades do mundo, o que favorece a adoção de uma postura passiva e apática sobre essas questões. Em decorrência disso, mantém-se o quadro de ausência de ações sociais efetivas no que tange à reversão dessa conjuntura, fragilizando, com isso, o trabalho doméstico exercido por mulheres, que são abdicas da cidadania plena.
Portanto, infere-se que o Estado deve aderir providências catalizadoras a fim de suscitar a valorização omissa da profissão de cuidador atuada por mulheres. Para isso, o poder legislativo – haja vista ser provedor de políticas públicas – deve sancionar leis trabalhistas voltadas para esse trabalho, por meio de discussões e votações no parlamento, com o fito de valorizar a jornada profissional das mulheres atuantes nesse âmbito e, consequentemente, aumentar o capital financeiro das mesmas. Espera-se que, com isso, o eufemismo político explicitado por Schwarcz deixe de se reverberar na contemporaneidade brasileira.[/i][/i]
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