Segundo a Constituição Federal de 1988, todos são iguais perante os olhos da lei. Diante disso, o fato da invisibilidade do trabalho da mulher ter se tornado uma questão habitual na sociedade brasileira simboliza, justamente, o reflexo de um corpo social alienado e inerte, que não atua de forma efetiva para solucionar o problema.
Nesse cenário, cabe ressaltar a interpretação do quadro "A Redenção de Cam". A pintura retrata a maneira de como uma mulher escravizada vive em uma situação de submissão ao homem e deve arcar com os "afazeres de casa", enquanto isso não deve ser uma preocupação do sexo oposto. Mais de um século desde a pintura do quadro e ele permanece extremamente atual, tendo em vista que uma mulher gasta cerca de duas vezes mais horas semanais voltadas para a realização de trabalho doméstico do que o homem.
Sob esse viés, é imperioso destacar a tese de Hannah Arendt sobre a Banalidade do Mal. Arendt diz que se o mal é praticado de forma cotidiana, ele se torna banal. O trabalho doméstico sendo feito quase que exclusivamente por mulheres a séculos se tornou banal, e, se pensarmos no bem coletivo, é um ato estrutural que torna um grupo de pessoas privilegiadas.
Fica evidente, portanto, que para inserir uma iniciativa coletiva, são necessárias ações concretas e eficazes. Para isso, é de extrema seriedade a ação do Congresso Nacional, juntamente ao estatuto da mulher, na elaboração de uma legislação que promova uma alternativa para que haja maior equidade na distribuição dos trabalhos domésticos, por meio de reuniões e palestras realizadas nas escolas e em locais públicos, e, futuramente restaurar o progresso nacional. Assim, o Brasil não precisará de uma nova "era das luzes" para garantir a ordem social.