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Por Samuul
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O conceito de cidadania, que remonta às antigas Polis Gregas, relaciona-se com o conjunto de direitos e deveres que um indivíduo goza ao pertencer a determinado Estado. Lamentavelmente, ainda hoje, as mulheres vivem uma situação de invisibilidade do trabalho de cuidado, o que dificulta o acesso à cidadania por parte desse grupo populacional. Com efeito, é imprescindivel um debate e a proposição de soluções a essa problemática existente em nosso País, tendo em vista suas causas de ordem estatal e social.
Primordialmente, é importante destacar a insuficiente ação do Estado perante o problema. Nesse sentido, segundo o filósofo renascentista Nicolau Maquiavel, o principal objetivo do governante reside na manutenção do poder e não na promoção do bem comum. A reflexão do pensador ecoa na invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil, na medida em que esses indivíduos não têm considerável representação no pleito eleitoral e são uma minoria invisível à maior parte do corpo social. Por conseguinte, escassas medidas são efetuadas pelos governantes para que as mulheres tenham mais acesso à cidadania, já que tais ações não lhes garantiriam um aumento considerável no número de votos em futuras eleições e, consequentemente, pouco auxiliaria na manutenção do poder destes políticos, confirmando a reflexão que Maquiavel trouxe ainda no Renascimento.
Ademais, é válido salientar a omissão social diante dessa realidade. Nesse âmbito, a filósofa Hanna Arendt, em sua teoria da "Banalidade do Mal", sustena que a sociedade se cala perante determinados problemas sociais, o que acaba por naturalizar situações problemáticas. Sob esse viés, é notório a incidência do pensamento de Arendt na situação das mulheres, já que a maioria da sociedade enxerga a invisibilidade do trabalho de cuidado dessa minoria como algo banal e de pouca importância, com escassas discussões acerca desse tema no cotidiano. Com isso, há pouca pressão social no governo para mudança desse paradigma e, seguindo a linha filosófica de Arendt, verifica-se a banalização do mal sofrido por esses cidadãos.
Diante do exposto, denota-se a urgência de propostas governamentais que alterem esse quadro. Portanto, para o fim da problemática da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil, além de campanhas conscientizadoras à sociedade, o Estado deve implementar leis para que de alguma forma ajudem as mulheres, os quais devem se localizar prioritariamente em áreas carentes, por meio de investimentos nesse sentido. Tal verba pode ser angarriada com o redirecionamento de recursos, por exemplo, do Fundo Eleitoral para esse projeto, a fim de que as mulheres sejam mais valorizadas e o acesso à cidadania estejam em pleno alcance de todos os brasileiros.
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