Francis Bacon, ao relacionar o conhecimento ao poder, afirmou que o saber fornece meios para alterar o panorama vivido. No entanto, ao observar os desafios para valorização do legado africano no Brasil, certifica-se que a tese do filósofo diverge da realidade hodierna, haja vista a persistência do racismo estrutural e da falta de exposição ideal quanto a herança afro-brasileira. Desse modo, para mediar a problemática, a carência de debates e os aspectos sociopolíticos serão aprofundados.

Diante desse cenário, verifica-se como a precariedade de deliberação fomenta a adversidade. Nesse sentido, segundo o conceito de Normalização de Michel Foucault, há, na sociedade, a repetição de comportamentos motivados pela ausência de reflexão crítica. Em analogia, a reincidência da falta de ensino quanto a herança africana como um todo no Brasil, é constatada a medida que se é ensinado pouquíssimo quanto a cultura, religião, costumes e as grandes personalidades negras do Brasil nas escolas. Consequentemente, observa-se uma desvalorização da cultura afro-brasileira no país, afinal a população não teve o acesso adequado a história negra no Brasil. Com isso, torna-se imprescindível a discussão coletiva para solucionar o impasse.

Além disso, merece ênfase o quesito estatal. A esse respeito, John Locke, por meio do contrato social, afirmou que o Estado deve garantir o bem-estar a toda comunidade. Entretanto, a carência de campanhas públicas que conscientizem a população acerca da história afro-brasileira e a carência de punição ao preconceito racial no Brasil, contrasta com o ideal do pensador, tendo em vista a carência da ação governamental, tanto para orientar quanto as origens africanas no Brasil, quanto para penalizar de forma ideal o racismo. Como resultado, o racismo estrutural se torna cada vez mais forte no país. Dessarte, verifica-se a importância da atuação estatal.

Portanto, é preciso intervir na desvalorização da cultura afro-brasileira. Logo, com a finalidade de atenuar as consequências abordadas, o Ministério das Comunicações deverá, por meio de mídias digitas e televisivas, promover debates trimestrais que fomentem o pensamento crítico e abordem a questão política. Para tanto, haverá uma necessidade: um historiador será convidado não só para ensinar quanto a herança da África no Brasil, mas também para alertar a população acerca dos óbices sociopolíticos dessa conjuntura. Feitos esses pontos, com a reflexão crítica de Foucault e com o Contrato Social de Locke, a sociedade terá esse panorama alterado, como enfatizou Francis Bacon.