O escritor Carlos Drummond de Andrade, em seu poema "No meio do Caminho" retrata, de modo figurado, os contratempos que o ser humano sofre em sua jornada. Não distante da obra é possível perceber que uma grande parcela da sociedade contemporânea está sujeita aos efeitos gerados pelo desemprego e suas relações sociais no Brasil, o que dificulta o seu pleno desenvolvimento. Logo, faz-se crucial entender como a desigualdade social e os problemas socioemocionais cooperam para a persistência dessa conjuntura.
É preciso considerar, antes de tudo, a desigualdade social como um elemento propulsor da problemática. Nesse contexto, o filósofo inglês John Locke afirma que o Estado, mediante a um contrato social, deve garantir a todos os indivíduos o direito ao bem-estar. No entanto, na prática, nota-se o oposto das ideias de Locke, uma vez que o Estado não cria políticas públicas que solucionem a desigualdade social, de modo a contribuir para o aumento de práticas criminosas em favelas e a inviabilidade do proletariado crescer profissionalmente. Assim, para que a carência de empregos e suas relações sociais seja solucionada, autoridades governamentais devem, urgentemente, rever o seu posicionamento.
Além disso, é válido apontar os problemas socioemocionais como outro agente que fomenta o impasse. Nota-se que a adversidade dos hábitos mentais, influencia drasticamente o humor e o desempenho de uma pessoa, e quando diz respeito ao mundo trabalhista e o contato com outros indivíduos, certamente é um fator que sustenta a permanência do desemprego e suas relações gerais e, por conseguinte colabora para que muitos brasileiros sintam-se inferiorizados pelo mundo laboral, assim, gerando incapacidade emocional de frequentar ambientes profissionais. Dado isso, é crucial que medidas sejam tomadas para que a resolução do quadro negativo em que a sociedade se encontra.
Em suma, é possível perceber que o desemprego e suas pautas públicas é um desafio árduo e, por isso, precisa ser combatido. Sendo assim, a fim de solucionar a desigualdade social e os problemas socioemocionais, cabe ao governo, por meio de verbas governamentais, a disponibilização de cursos profissionalizantes gratuitos. Para que seja comprovada sua efetivação, esses cursos devem ser oferecidos em escolas públicas acompanhados por palestras educacionais. Somente dessa maneira, será possível não fazer analogias à obra de Andrade, e, decerto, o corpo social terá o seu bem-estar garantido.