Na série sul-coreana "Uma Advogada Extraordinária", é apresentada Woo Young Woo, uma advogada com Transtorno do Espectro Autista (TEA) que, apesar de sua inteligência, enfrenta preconceitos e desafios no ambiente de trabalho. Entretanto, a obra evidencia a necessidade de uma sociedade mais inclusiva e empática com as pessoas autistas. No Brasil, mesmo com leis como a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com TEA, o percurso entre o diagnóstico e a efetiva inclusão ainda é marcado por grandes barreiras estruturais e culturais, que limitam o pleno exercício da cidadania.

Sob esse viés, a dificuldade do diagnóstico representa um grande obstáculo. Muitas famílias esperam anos por um atendimento especializado no Sistema Único de Saúde (SUS), devido à falta de profissionais capacitados e centros de referência. Segundo o Ministério da Saúde, a identificação é essencial para o desenvolvimento cognitivo e social da criança autista, mas a desigualdade impede que isso ocorra de forma ampla. Assim, o Estado falha em oferecer condições adequadas para um atendimento digno e igualitário.

Além disso, a inclusão escolar e social ainda é insuficiente. Muitos professores não têm formação adequada para lidar com as especificidades do TEA, o que compromete o processo de aprendizagem e o convívio dos alunos. De acordo com a filósofa Hannah Arendt, a educação deve preparar o indivíduo para o mundo comum; logo, quando a escola exclui por falta de preparo, nega esse princípio e reforça a marginalização. Desse modo, a inclusão precisa ir além do acesso físico, exigindo o acolhimento e o respeito às diferenças.

Portanto, para garantir os direitos das pessoas com autismo na sociedade brasileira, é fundamental que o Ministério da Saúde, em parceria com as Secretarias Estaduais, amplie o número de centros de diagnóstico e acompanhamento multidisciplinar, assegurando o atendimento gratuito e ágil às famílias. Simultaneamente, o Ministério da Educação deve implementar programas de formação continuada para professores, com foco em práticas pedagógicas inclusivas, por meio de cursos on-line e presenciais nas redes públicas de ensino.