O Artigo 215 da Constituição Federal de 1988 prevê que é de responsabilidade do Estado valorizar e defender a cultura. Entretanto,na contemporaneidade brasileira, ainda persistem os desafios para a valorização da herança africana, sobretudo, em razão da negligência estatal e do desconhecimento social.
Nesse contexto, é oportuno frisar a inércia governamental como um dos agravantes desse revés. Sob esse viés, o filósofo Maquiavel em seu livro "O príncipe" elucidou que o governo deve agir visando o bem universal. Todavia, é perceptível que a máquina pública vai de encontro com a lógica maquiavelica, haja vista o ínfimo incentivo da inserção da cultura africana na sociedade brasileira, a exemplo a escassa elaboração de museus que compreendam as tradições e valores africanos. Dessa forma, culmina-se a esteriotipação do legado afro-brasileiro.
Ademais, a insciência coletiva age como um catalizante desse impasse. Nesse sentido, o filósofo Platão em sua obra "A alegoria da caverna" narra a história de indivíduos dentro de uma caverna à mercê das projeções de sombra sem saber de fato o que é aquilo. Na esteira desse raciocínio, é notório que as ideias platônicas são aplicáveis ao corpo cívico brasileira, à medida que a maioria desconhece a importância da cultura africana para sua formação, tendo em vista que muitos praticantes de capoeira desconhece a sua origem afro-brasileira. Logo, perpétua-se o estreitamento da relação entre a malha social e a sua história de formação cultural.
Diante do supracitado, é necessário superar as barreiras para a valorização da cultura africana. Desse modo, cabe ao governo a criação de centros culturais africanos, por meio da destinação de erário e da contratação de profissionais com formação superior em cultura afro-brasileira e que enfrentem a esteriotipação dessa cultura, a fim de mitigar o óbice. Simultaneamente, é de responsabilidade da escola fomentar o conhecimento cultural, por intermédio de palestras que contemplem a importância de conhecer o legado afro-brasileiro. Somente assim, poderemos garantir a eficiência do Artigo 215.