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Por Luckyx301
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Na Academia de Atenas - reverenciada por muitos historiadores como a primeira universidade da história - havia a valorização da reflexão, que era relacionada com a maturidade, dos indivíduos que a constituíam. Tal aprendizado no período histórico apresentado, ou seja, na Antiguidade Clássica, dependia do ócio, caracterizado pelo tempo de repouso destinado à contemplação. Entretanto, diferentemente de como ocorria no período mencionado, na sociedade contemporânea ocorre a desvalorização da reflexão, que é substituída pela multitarefa, presente num momento histórico estruturado pela produtividade. Por conta disso, torna-se possível observar, como consequência tais dinâmicas permeando a educação básica dos indivíduos, resultando assim em prejuízos na formação profissional da população.
Em primeira instância, é possível observar a negação da contemplação como resultado da hipervalorização da eficiência, que resulta em danos à educação. De acordo com o filósofo sul-coreano Byung-Chul Han, vigora na modernidade um fenômeno social chamado de “sociedade do cansaço” em ocorre a busca incessante pela produtividade. Essa situação pode ser vista no projeto da secretaria da educação do estado de São Paulo, que oferece roteiros de aulas que buscam instruir os professores da rede estadual sobre como dar as aulas que incentivam uma didática mais rápida e superficial que, segundo pesquisadores e docentes, limitam a educação dos discentes ao não promover a reflexão sobre o tema. Como consequência disso, ocorre a intensificação da educação “bancária”, que era criticada pelo educador Paulo Freire, na qual os alunos apenas servem como recipientes da informação, sem promover a sua retenção e seu questionamento por meio da contemplação. Portanto, por conta da lógica da eficiência presente na hodiernidade, ocorre a formação, na educação básica, de indivíduos com capacidades de questionamento limitadas, que são essenciais para uma educação plena.
Outrossim, esse desincentivo à reflexão resulta em impasses na formação profissional do indivíduo, que são necessárias ao capitalismo. De acordo com Michel Foucault, as escolas da hodiernidade são instituições disciplinares, que buscam moldar o indivíduo, adestrando sua mente, com a finalidade de controlá-los. Tal dominação tem motivos econômicos, pois molda seres mais produtivos e submissos, de restrita capacidade de questionamento que tem, como consequência, a transformação indivíduos em corpos dóceis, que são necessários para o capitalismo pois sustenta a alienação do trabalho, conceito criado por Karl Marx em que o trabalhador não se sente apropriado do resultado do seu trabalho. Pode-se observar um exemplo concreto dessa lógica ao observar a reforma do Ensino Médio brasileiro, no qual ocorrem mudanças que tornam facultativas as aulas que promovem a reflexão, como filosofia e sociologia, desvalorizando-as, enquanto fomenta matérias que são mais apreciadas no meio profissional, como matemática e língua portuguesa. Como consequência disso, forma-se indivíduos incapazes de questionar as relações sociais que os permeiam e a sociedade na qual faz parte, tornando-os suscetíveis à dominação e à exploração.
Portanto, observa-se que, pelo desincentivo a reflexão que ocorre nos tempos hodiernos, marcados pela intensificação das relações capitalistas e pelo desenvolvimento da sociedade do cansaço, ocorre a oferta de uma educação limitante, que não propõe a reflexão, que é essencial para educação plena e para tornar o indivíduo maduro, como proposto na Academia de Atenas, mas sim um ensino que busca somente preparar os indivíduos ao mercado de trabalho, sem dar-lhes a capacidade de contemplar as relações sociais que convivem nesse momento.
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