A evasão escolar configura-se como um dos mais graves entraves ao pleno desenvolvimento social e econômico do Brasil. Esse fenômeno, caracterizado pelo abandono dos estudos antes da conclusão da educação básica, reflete a perpetuação das desigualdades históricas que marcam o país. Dentre os fatores que impulsionam tal problemática, destacam-se a precariedade das condições socioeconômicas, a ineficiência do transporte público e a falta de políticas educacionais efetivas que garantam a permanência do aluno no ambiente escolar. Nesse contexto, torna-se imperativo discutir as causas e as consequências desse cenário, bem como propor medidas que assegurem a concretização do direito à educação previsto na Constituição Federal de 1988.

Em primeiro plano, a vulnerabilidade social é um dos principais elementos que fomentam a evasão escolar. Muitos jovens, pressionados pela necessidade de contribuir com a renda familiar, optam por ingressar precocemente no mercado de trabalho, em detrimento da continuidade dos estudos. Esse quadro evidencia a ausência de políticas de assistência estudantil amplas e eficazes, que garantam condições mínimas para que o aluno permaneça na escola. Além disso, a carência de transporte público de qualidade — sobretudo em áreas rurais e periféricas — transforma o ato de estudar em um desafio cotidiano, tornando o acesso à educação um privilégio e não um direito universal.

Ademais, é relevante destacar a desmotivação estudantil decorrente de um sistema educacional pouco atrativo e desconectado da realidade do aluno. A ausência de metodologias inovadoras e de suporte emocional adequado contribui para o desinteresse e o consequente abandono escolar. Sob essa ótica, o pensamento do educador Paulo Freire torna-se pertinente, ao defender que a educação deve ser um instrumento de libertação e consciência crítica, e não um processo meramente mecânico e conteudista. No entanto, a prática educacional brasileira ainda se distancia dessa concepção humanizadora.

Diante disso, é imprescindível que o Estado, em parceria com a sociedade civil, adote medidas concretas para reverter o quadro de evasão escolar. A ampliação de programas de incentivo financeiro, como o Bolsa Família e o Pé-de-Meia, aliada à oferta de transporte escolar gratuito e à implementação de projetos pedagógicos contextualizados, são caminhos viáveis para promover a permanência dos alunos na escola. Além disso, o fortalecimento do acompanhamento psicológico e social dentro das instituições de ensino pode auxiliar na prevenção do abandono. Assim, será possível consolidar uma educação verdadeiramente inclusiva e transformadora, capaz de romper o ciclo de exclusão que ainda persiste no Brasil.