- 26 Mar 2018, 14:48
#2331
descomplica.com.br escreveu:
Nos últimos anos, o ensino superior passou por uma série de mudanças intensas, não só nos seus meios de acesso – com o Enem, o Fies, o Prouni, as cotas sociais e raciais -, mas também na sua estrutura, com o aumento e diversificação do público, o crescimento de unidades, a proliferação das instituições particulares e a formação de novos cursos. Alguns problemas, porém, continuam crescendo e criando obstáculos no desenvolvimento de novas vantagens. Cabe, então, analisá-los, buscar resolvê-los e fazer da universidade pública brasileira uma referência mundial.
Em primeiro lugar, pode-se dizer que o horizonte do ensino superior brasileiro é indefinido, uma vez que o seu próprio presente não parece ter uma clara descrição. De um lado, há uma concepção clássica, criada na Idade Média e cultivada ao longo de toda a Moderna, para a qual o meio universitário é o lugar da excelência do conhecimento, centralizando a busca da verdade e aprimorando a vida intelectual. De outro, movida por razões fundamentalmente econômicas, há aquela que vê a universidade como um espaço em que o estudante obtém um diploma para o mercado. Do seu ponto de vista, a visão tradicional é elitista, por reservar a universidade a poucos. Uma vez que o mercado de trabalho exige, hoje, o certificado, a academia deve ser um ambiente amplamente democratizado, aberto à ascensão profissional e social de todos.
Entretanto, apesar de, a princípio, as duas definições parecerem constituir um paradoxo, a universidade pode sim ser simultaneamente espaço de produção de conhecimento e realizar uma função pragmática de formar pessoas para o comércio. O problema é que, no mundo concreto e real, no momento de gerir uma universidade, por exemplo, diante da escassez de recursos, o reitor terá de optar entre dar mais recursos para as pesquisas de física teórica ou aumentar o número de vagas no curso de engenharia; para financiar a criação de uma revista referência em filosofia analítica ou criar uma rádio da universidade, garantindo um estágio para os alunos de comunicação social. Conciliar as duas concepções, então, parece o grande desafio do ensino superior.
Torna-se evidente, então, que o grande obstáculo da universidade brasileira, hoje, está na sua própria definição, que parece impedir o seu desenvolvimento. Uma solução bastante prática e eficiente é a de operar uma cisão clara entre essas duas visões de instituição. Seria ótimo para o Brasil, assim como foi na Alemanha, adotar tal modelo, uma vez que, superando o impasse do atual sistema, cada curso poderia seguir a sua vocação particular de maneira livre. O Poder Público e as empresas poderiam, dessa forma, investir nas duas modalidades de ensino, garantindo aos futuros alunos boas opções. Só assim, resolvendo esse conflito e encontrando um caminho melhor, será possível perceber, de fato, um futuro na universidade brasileira.
A saída de um impasse
Nos últimos anos, o ensino superior passou por uma série de mudanças intensas, não só nos seus meios de acesso – com o Enem, o Fies, o Prouni, as cotas sociais e raciais -, mas também na sua estrutura, com o aumento e diversificação do público, o crescimento de unidades, a proliferação das instituições particulares e a formação de novos cursos. Alguns problemas, porém, continuam crescendo e criando obstáculos no desenvolvimento de novas vantagens. Cabe, então, analisá-los, buscar resolvê-los e fazer da universidade pública brasileira uma referência mundial.
Em primeiro lugar, pode-se dizer que o horizonte do ensino superior brasileiro é indefinido, uma vez que o seu próprio presente não parece ter uma clara descrição. De um lado, há uma concepção clássica, criada na Idade Média e cultivada ao longo de toda a Moderna, para a qual o meio universitário é o lugar da excelência do conhecimento, centralizando a busca da verdade e aprimorando a vida intelectual. De outro, movida por razões fundamentalmente econômicas, há aquela que vê a universidade como um espaço em que o estudante obtém um diploma para o mercado. Do seu ponto de vista, a visão tradicional é elitista, por reservar a universidade a poucos. Uma vez que o mercado de trabalho exige, hoje, o certificado, a academia deve ser um ambiente amplamente democratizado, aberto à ascensão profissional e social de todos.
Entretanto, apesar de, a princípio, as duas definições parecerem constituir um paradoxo, a universidade pode sim ser simultaneamente espaço de produção de conhecimento e realizar uma função pragmática de formar pessoas para o comércio. O problema é que, no mundo concreto e real, no momento de gerir uma universidade, por exemplo, diante da escassez de recursos, o reitor terá de optar entre dar mais recursos para as pesquisas de física teórica ou aumentar o número de vagas no curso de engenharia; para financiar a criação de uma revista referência em filosofia analítica ou criar uma rádio da universidade, garantindo um estágio para os alunos de comunicação social. Conciliar as duas concepções, então, parece o grande desafio do ensino superior.
Torna-se evidente, então, que o grande obstáculo da universidade brasileira, hoje, está na sua própria definição, que parece impedir o seu desenvolvimento. Uma solução bastante prática e eficiente é a de operar uma cisão clara entre essas duas visões de instituição. Seria ótimo para o Brasil, assim como foi na Alemanha, adotar tal modelo, uma vez que, superando o impasse do atual sistema, cada curso poderia seguir a sua vocação particular de maneira livre. O Poder Público e as empresas poderiam, dessa forma, investir nas duas modalidades de ensino, garantindo aos futuros alunos boas opções. Só assim, resolvendo esse conflito e encontrando um caminho melhor, será possível perceber, de fato, um futuro na universidade brasileira.
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