Em 1990, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), garantiu a segurança dessa faixa etária e determina a proteção de qualquer tipo de exploração e violência. No entanto, apesar desse ideal, a exploração sexual de crianças e adolescentes no Brasil se faz presente em alto índice, fazendo-se presente os desafios enfrentados para a prevenção desse crime e a garantia infanto juvenil. Nesse sentido, esse viés traz à tona a persistência de vulnerabilidades sociais e a insuficiência política.
A priori, no Brasil, a exploração sexual de crianças e adolescentes é constantemente "esquecida" ou tratada como um problema futuro, o que colabora para a sua continuidade. Nesse sentido, a filósofa Hannah Arendt trás seu conceito de "banalidade do mal", reflete sobre a neutralização de práticas cruéis quando a sociedade se torna incapaz de realizar julgamentos morais. No entanto, a banalização social, juntamente às vulnerabilidades socioeconômicas que afetam famílias em estado de pobreza, tornando menores alvo de abusadores, criando um ciclo de violência e desrespeito aos direitos prescritos pelo ECA.
Em segundo instante, a exploração sexual infantojuvenil acarreta diversos problemas emocionais e sociais para às vítimas. Essa realidade é ilustrada na obra cinematográfica "Preciosas"- uma história de esperança (2009), na qual a protagonista enfrenta constantes abusos na infância, enfrentando traumas que comprometem a sua autoestima e seu desenvolvimento escolar. Dessa forma, semelhantemente, no Brasil, crianças e adolescentes apresentam altos índices de depressão e dificuldade de socialização, perpetuando a repetição desse ciclo marginalizado. Então, esses danos apresentam a falta de políticas públicas de proteção e acompanhamento emocional, que deveriam garantir a reinserção das vítimas, conforme afirma o estatuto da criança e do adolescente.
Infere-se, portanto, a necessidade de atenuar a problemática. Para isso, o Governo juntamente com o Ministério da Educação, deve realizar campanhas em escolas e mídias digitais, por meio de palestras e materiais didáticos, a fim de conscientizar os jovens sobre a prevenção e denúncia. Ademais, urge que o Congresso Nacional destine maiores recursos à rede de proteção do ECA, possibilitando a ampliação de conselhos tutelares e acompanhamento psicológico às vítimas. Assim, será possível garantir a proteção e a dignidade infantojuvenil e efetivar os direitos previstos na legislação brasileira.