O sistema de ensino brasileiro tradicionalmente baseou-se em nossos colonizadores europeus. As disciplinas ensinadas nas escolas, história, filosofia, artes e até mesmo ciências remetem à Europa enquanto praticamente nada de origem africana é ensinado. Soma-se a isto o papel de meios de comunicação - livros, jornais, rádio, TV - que contribuíram para a desvalorização da cultura africana e da população negra como visto em O Pasquim, em diversas novelas e programas humorísticos tal qual Casseta e Planeta. Ante este cenário, urge a necessidade de valorização da herança africana no Brasil como ferramenta de inclusão social e equidade.
Primeiramente, cabe ressaltar que a vinda da população africana para o Brasil foi involuntária, foram escravizados e, nessa condição de submissão, foram obrigados a assimilar a cultura europeia em detrimento de sua própria. Assim, línguas, religiões, músicas e demais aspectos culturais africanos foram sendo esquecidos, menosprezados e reduzidos à folclore. Nesse ínterim, foi-se enraizando na sociedade brasileira um racismo sistêmico. Ariano Suassuna coloca os holofotes sobre esse racismo ao mostrar como os personagens principais desdenham da hipótese de que um homem negro pudesse ser Jesus, em O Auto da Compadecida.
Ademais, é notório que neste cenário a população afrobrasileira tenha desenvolvido mecanismos sociais de não aceitação de suas origens. A indústria cultural, como mecanismo de controle social, incentivou a desvalorização do afro. Um exemplo disto pode ser encontrado no filme biográfico sobre o cantor Tim Maia, o qual mostra como os artistas brasileiros tentavam imitar os europeus, inclusive em suas roupas e cabelos.
Diante do cenário de omissão ao conhecimento da herança africana faz-se necessário reformar o ensino nas escolas brasileiras por meio de formação de professores e elaboração de materiais didáticos coerentes com esse tema. Do mesmo modo, a valorização da herança africana passa também pela aceitação e pelo respeito que deve ser promovido no seio familiar com apoio de instituições religiosas transmitindo valores humanos de amor próprio e amor ao próximo.