Na obra "A hora da estrela", Clarice Lispector apresenta a personagem Macabéa, jovem nordestina que enfrenta invisibilidade social e a ausência de perspectivas profissionais. Essa exclusão se reflete, na contemporaneidade, no fenômeno da precarização do trabalho, em que trabalhadores são absorvidos por um mercado altamente precário e sem garantias mínimas, o que se relaciona com a vida de Macabéa. Tal lógica contribui para a instabilidade e a marginalização de milhares de brasileiros, que permanecem invisíveis diante de poder público e do sistema produtivo. Nesse cenário, a negligência estatal e a priorização de interesses financeiros tornam-se fatores determinantes para a perpetuação desse quadro.
A precarização do trabalho no Brasil contribui para o silenciamento desta classe trabalhadora, já que, muitos desses indivíduos trabalham de forma informal devido a diversos fatores, come a falta de escolaridade, tendo pouca representatividade em sindicatos ou instâncias de negociação coletiva. Isso é explicado a partir da reflexão de Bell Hooks, que afirma que "o primeiro ato de violência é o silenciamento", evidenciando que negar voz a grupos sociais é uma forma de perpetuar desigualdades. Como consequência, trabalhadores não conseguem reivindicar direitos trabalhistas básicos, o que agrava a precarização do trabalho no país.
Além disso, a precarização também é marcada pela priorização de interesses financeiros sobre a dignidade humana, visto que empresas buscam maximizar lucros por meio da redução de custos trabalhistas e da flexibilização contratual. Esse cenário é ilustrado pela canção "Construção", de Chico Buarque, que denuncia a desumanização do operário, tratado como peça descartável dentro do sistema produtivo. Tal lógica naturaliza a exploração do trabalhador informal, resultando na intensificação da precarização e no comprometimento da qualidade de vida desses profissionais.
Portanto, para mitigar os impactos da precarização nas relações de trabalho no Brasil, é necessário que o Poder Público crie políticas regulatórias específicas para os trabalhadores informais, por meio da definição de direitos como jornada justa e previdência. Essa medida pode ser implementada em parceria com sindicatos e associações de trabalhadores, a fim de, garantir representatividade a esses profissionais. Assim a realidade de Macabéa não será mais um reflexo da sociedade brasileira hodierna.