O escritor brasileiro Carlos Drummond de Andrade, em seu poema "No meio do Caminho" retrata, de modo figurado, os contratempos que o ser humano sofre em sua jornada. Não distante da obra é possível perceber que uma grande parcela da sociedade contemporânea está sujeita aos efeitos gerados pela dificuldade na inclusão de pessoas com deficiência (PcD), o que dificulta o seu pleno desenvolvimento. Logo, faz-se crucial entender como a falta de acessibilidade em escolas públicas e o preconceito na área trabalhista cooperam para a persistência dessa conjuntura.
É preciso considerar, antes de tudo, a carência de acessibilidade em escolas públicas como um elemento propulsor da problemática. Neste contexto, o filósofo inglês John Locke afirma que o Estado, mediante um contrato social, deve garantir a todos os indivíduos o direito ao bem-estar. No entanto, na prática, nota-se o oposto das ideias de Locke, uma vez que o Estado não cria políticas públicas que solucionem a falta de acessibilidade em ambientes estudantis, de modo a contribuir para a dificuldade da pessoa com deficiência de ter acesso ao estudo em salas de aula, assim, criando barreiras sociais ao meio de comunicação e integração. Assim, para que a negligência da inclusão de pessoas com deficiência seja solucionada, as autoridades governamentais devem, urgentemente, rever o seu posicionamento.
Além disso, é válido apontar o preconceito na área trabalhista como outro agente que fomenta o impasse. Nota-se que mundo laboral é um meio extremamente capacitista, onde indivíduos cujo possuem deficiência são tratados com indiferença, ocasionando na permanência das tentativas frustradas da inclusão de pessoas com deficiência, e, por conseguinte, colabora para que a repulsão na integração gere novos problemas, como o bullying e o preconceito capacitista. Dado isso, é crucial que medidas sejam tomadas para a resolução do quadro negativo em que a sociedade se encontra.
Em suma, é possível perceber que inclusão de PcD é um desafio árduo e, por isso, precisa ser combatido. Sendo assim, a fim de solucionar a falta de acessibilidade em escolas públicas e o preconceito no mundo trabalhista, cabe ao governo e escolas, por meio de verbas governamentais, a criação de campanhas de conscientização. Para que seja comprovada a sua efetivação, devem ser citados meios de inclusão social, e maneiras de contribuir para a integração de pessoas com deficiência. Somente dessa maneira, será possível não fazer analogias à obra de Andrade, e, decerto, o corpo social terá seu bem-estar garantido.