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Por melissaemln
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A obra literária “Mar Morto” do escritor brasileiro Jorge Amado, traz em seu enredo a história de Guma, que ainda jovem teve que abandonar a escola para se dedicar a vida no mar em seu saveiro, e assim pôde cuidar e auxiliar seu tio, o velho Francisco, que teve de se aposentar por certas limitações. Diferentemente da literatura ficcional, tal representação masculina para amparo do trabalho de cuidado, como exemplificado por Guma, se faz divergente do mundo real, tendo em vista que tais atribuições são feitas majoritariamente a mulheres, e essas enfrentam diversos desafios para um enfrentamento de tal trabalho que é invisibilizado, entre eles o preconceito ético e de gênero e a ineficácia estatal tal para amparo e suporte para com estas trabalhadoras. Logo, faz-se imperiosa a criação de medidas que mitiguem os desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado por mulheres.

De início, é fulcral pontuar que há um preconceito étnico e de gênero impetrado na sociedade atual, sobretudo as mulheres que exercem o trabalho de cuidado, gerando dessa forma empecilhos que invisibilizam suas funções. Nesse sentido, o educador brasileiro Paulo Freire desenvolveu a “Pedagogia da Esperança” em que afirmou que a história não é algo pronto e acabado, frisando a importância da consciência coletiva para transformar as estruturas de opressão e desigualdade internalizados na sociedade. À luz de tal lógica, percebe-se que o preconceito ético e de gênero enfrentado pelas trabalhadoras que realizam cuidados é produto de estruturas pré-estabelecidas na sociedade, pois há uma opressão histórica relacionada às mulheres, sobretudo às de etnia negra, em que são subjugadas a uma visão inferior ao homem e socialmente, e que acabam sendo invisibilizadas no exercício de suas funções, como o trabalho de cuidado que em sua maioria é realizado por mulheres negras. Assim, faz-se necessário medidas que revertam o quadro de preconceito e invisibilidade das trabalhadoras.

Por conseguinte, infere-se que além do preconceito étnico e de gênero, a ineficácia governamental corrobora para a perpetuação dos desafios que torna invisível o trabalho de cuidado realizado por mulheres. Nessa conjuntura, o sociólogo brasileiro Raymundo Faoro disserta sobre a ineficácia estatal relacionada a teoria do “Monstro Macrocéfalo”, elencada em sua obra “Os Donos do Poder”, na qual a cabeça grande representaria a excessividade de leis e o corpo pequeno as poucas ações realizadas para efetivação dessas. De tal modo, percebe-se na conjuntura atual que a falha do aparato estatal na garantia de suporte e direitos às trabalhadoras de cuidado configura-se como fomentador para invisibilização do trabalho de cuidar do exercido, devido à dificuldade de locomoção e situações econômicas desfavoráveis, mesmo com o crescimento de tal modalidade empregatícia no Brasil. Assim, compete ao estado garantir os direitos das trabalhadoras expressos na Constituição Federal.

Infere-se, portanto, que o preconceito étnico e de gênero configuram-se como desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher. Dessa maneira, urge ao Ministério da Educação, em conjuntura com o Ministério do Desenvolvimento Social, formular uma matéria na grade acadêmica de ensino, das redes públicas e privadas, uma matéria intitulada “Desenvolvimento Equitacional”, com intuito de promover uma visão igualitária de todas as pessoas na sociedade, para que na vida adulta dos jovens possa haver um maior respeito social e empregatício. Paralelamente, é dever do Estado garantir a efetivação das leis que garantem o amparo e suporte para as trabalhadoras que realizam cuidados, para a efetivação dos direitos expressos na Constituição Federal, através de órgãos fiscalizatórios. Para que assim, as trabalhadoras saiam do cenário de invisibilização e entrem para um de valorização.
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