- 21 Abr 2023, 19:11
#114361
Em sua canção “Pela Internet”, o cantor brasileiro Gilberto Gil louva a quantidade de
informações disponibilizadas pelas plataformas digitais para seus usuários. No entanto, com o
avanço de algoritmos e mecanismos de controle de dados desenvolvidos por empresas de
aplicativos e redes sociais, essa abundância vem sendo restringida e as notícias, e produtos
culturais vêm sendo cada vez mais direcionados – uma conjuntura atual apta a moldar os
hábitos e a informatividade dos usuários. Desse modo, tal manipulação do comportamento de
usuários pela seleção prévia de dados é inconcebível e merece um olhar mais crítico de
enfrentamento.
Em primeiro lugar, é válido reconhecer como esse panorama supracitado é capaz de limitar a
própria cidadania do indivíduo. Acerca disso, é pertinente trazer o discurso do filósofo Jürgen
Habermas, no qual ele conceitua a ação comunicativa: esta consiste na capacidade de uma
pessoa em defender seus interesses e demonstrar o que acha melhor para a comunidade,
demandando ampla informatividade prévia. Assim, sabendo que a cidadania consiste na luta
pelo bem-estar social, caso os sujeitos não possuam um pleno conhecimento da realidade na
qual estão inseridos e de como seu próximo pode desfrutar do bem comum – já que suas
fontes de informação estão direcionadas –, eles serão incapazes de assumir plena defesa pelo
coletivo. Logo, a manipulação do comportamento não pode ser aceita em nome do combate,
também, ao individualismo e do zelo pelo bem grupal.
Em segundo lugar, vale salientar como o controle de dados pela internet vai de encontro à
concepção do indivíduo pós-moderno. Isso porque, de acordo com o filósofo pós-estruturalista
Stuart-Hall, o sujeito inserido na pós-modernidade é dotado de múltiplas identidades. Sendo
assim, as preferências e ideias das pessoas estão em constante interação, o que pode ser
limitado pela prévia seleção de informações, comerciais, produtos, entre outros. Por fim, seria
negligente não notar como a tentativa de tais algoritmos de criar universos culturais
adequados a um gosto de seu usuário criam uma falsa sensação de livrearbítrio e tolhe os
múltiplos interesses e identidades que um sujeito poderia assumir.
Portanto, são necessárias medidas capazes de mitigar essa problemática. Para tanto, as
instituições escolares são responsáveis pela educação digital e emancipação de seus alunos,
com o intuito de deixá-los cientes dos mecanismos utilizados pelas novas tecnologias de
comunicação e informação e torná-los mais críticos. Isso pode ser feito pela abordagem da
temática, desde o ensino fundamental – uma vez que as gerações estão, cada vez mais cedo,
imersas na realidade das novas tecnologias – , de maneira lúdica e adaptada à faixa etária,
contando com a capacitação prévia dos professores acerca dos novos meios comunicativos.
Por meio, também, de palestras com profissionais das áreas da informática que expliquem
como os alunos poderão ampliar seu meio de informações e demonstrem como lidar com tais
seletividades, haverá um caminho traçado para uma sociedade emancipada.
informações disponibilizadas pelas plataformas digitais para seus usuários. No entanto, com o
avanço de algoritmos e mecanismos de controle de dados desenvolvidos por empresas de
aplicativos e redes sociais, essa abundância vem sendo restringida e as notícias, e produtos
culturais vêm sendo cada vez mais direcionados – uma conjuntura atual apta a moldar os
hábitos e a informatividade dos usuários. Desse modo, tal manipulação do comportamento de
usuários pela seleção prévia de dados é inconcebível e merece um olhar mais crítico de
enfrentamento.
Em primeiro lugar, é válido reconhecer como esse panorama supracitado é capaz de limitar a
própria cidadania do indivíduo. Acerca disso, é pertinente trazer o discurso do filósofo Jürgen
Habermas, no qual ele conceitua a ação comunicativa: esta consiste na capacidade de uma
pessoa em defender seus interesses e demonstrar o que acha melhor para a comunidade,
demandando ampla informatividade prévia. Assim, sabendo que a cidadania consiste na luta
pelo bem-estar social, caso os sujeitos não possuam um pleno conhecimento da realidade na
qual estão inseridos e de como seu próximo pode desfrutar do bem comum – já que suas
fontes de informação estão direcionadas –, eles serão incapazes de assumir plena defesa pelo
coletivo. Logo, a manipulação do comportamento não pode ser aceita em nome do combate,
também, ao individualismo e do zelo pelo bem grupal.
Em segundo lugar, vale salientar como o controle de dados pela internet vai de encontro à
concepção do indivíduo pós-moderno. Isso porque, de acordo com o filósofo pós-estruturalista
Stuart-Hall, o sujeito inserido na pós-modernidade é dotado de múltiplas identidades. Sendo
assim, as preferências e ideias das pessoas estão em constante interação, o que pode ser
limitado pela prévia seleção de informações, comerciais, produtos, entre outros. Por fim, seria
negligente não notar como a tentativa de tais algoritmos de criar universos culturais
adequados a um gosto de seu usuário criam uma falsa sensação de livrearbítrio e tolhe os
múltiplos interesses e identidades que um sujeito poderia assumir.
Portanto, são necessárias medidas capazes de mitigar essa problemática. Para tanto, as
instituições escolares são responsáveis pela educação digital e emancipação de seus alunos,
com o intuito de deixá-los cientes dos mecanismos utilizados pelas novas tecnologias de
comunicação e informação e torná-los mais críticos. Isso pode ser feito pela abordagem da
temática, desde o ensino fundamental – uma vez que as gerações estão, cada vez mais cedo,
imersas na realidade das novas tecnologias – , de maneira lúdica e adaptada à faixa etária,
contando com a capacitação prévia dos professores acerca dos novos meios comunicativos.
Por meio, também, de palestras com profissionais das áreas da informática que expliquem
como os alunos poderão ampliar seu meio de informações e demonstrem como lidar com tais
seletividades, haverá um caminho traçado para uma sociedade emancipada.