Na série Black Mirror, da produtora Netflix, é retratado um caso fictício de um jovem que tem um vídeo íntimo gravado por um vírus de computador, gerado ao entrar em um site pornográfico. Entretanto, assim como na trama, o Brasil passa pelo desafio de conter a manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na Internet. Tal problema relaciona-se com os conteúdos digitais apresentados pelos algoritmos e a alienação provocada online.
O sociólogo Theodor Adorno possuía como uma de suas teses o conceito de Indústria Cultural, no qual infere-se que há uma intencionalidade autoral por parte da mídia em disseminar determinados assuntos. Ademais, no mundo dos internautas esse engajamento é direcionado pelos algoritmos, recurso de programação que estuda os costumes do usuário para fazer recomendações. No entanto, assim como funciona na TV e no Rádio, a população geral não sabe se existe um manuseio incorreto dos dados de uso coletados.
Seguindo essa perspectiva, o filósofo Karl Marx estudava o fenômeno social da alienação, em que o indivíduo encontra-se em estado de perdição e desconhecimento sobre assuntos importantes a sua vida em comunidade e seus direitos. Assim, ao possuir moradores que versavam sobre futilidades enquanto desconsideravam o papel de cidadão, uma cidade estaria rendida à alienação. De forma análoga a essa análise, o espaço conectado serve muitas vezes como o escapismo fútil com objetivo de distrair e, segundo Marx, alienar.
Em suma, percebe-se a extrema importância de dar atenção ao tópico da segurança digital no Brasil. Órgãos como o Ministério da Comunicação junto ao Ministério da Ciência e Tecnologia devem criar leis de incentivo à transparência de serviço para empresas como o Facebook e o Twitter, a fim de promover maior tranquilidade aos usuários e combater possíveis golpes criminosos na Internet, como o caso da série americana.