- 21 Mar 2023, 10:22
#112410
Historicamente o Brasil tem uma tendência ao apagamento daquilo que é visto como estranho ou inconveniente para a formação cultural do país. Um retrato disso é que, quando o estado da época foi obrigado a abolir o regime escravista, em 1888, documentos relacionados aos mais de 300 anos que o regime durou foram destruídos; de forma que até hoje é muito difícil de precisar a história e ancestralidade de grande parte da população. Nesse contexto cultural, como pôr em prática a valorização dos povos tradicionais (e esquecidos) do Brasil?
Enquanto grupos sociais há algumas dezenas de comunidades tradicionais no Brasil; entre elas os mais conhecidos indígenas e quilombolas, mas também pescadores, artesãos, ciganos, povos de terreiro, extrativistas, ribeirinhos et cetera. Uma coisa comum entre essas comunidades é o respeito à natureza, a vivência de cuidar dela e tirar dela o bastante para viver em paz, respeitando seu próprio tempo de regeneração e nunca destruindo desmedidamente.
Se as notícias vistas em 2023 sobre o tratamento dispensado à população Yanomami for tomado como parâmetro, é visível o quanto essa mentalidade não é valorizada no cenário sócio-cultural brasileiro. Essa desvalorização é coerente com o histórico do país, afinal, um grupo nada desvalorizado ao longo dessa história é o dos invasores portugueses; e, ao olharmos para a história das américas em geral, veremos que a colonização europeia é sempre predatória e pouco resta para lembrar dos povos existentes no território além desses colonizadores.
Falando-se em colonização predatória, é relevante apontar que esse modo de convivência com o ambiente está visivelmente esgotando a natureza, seus recursos e pondo em risco a sobrevivência humana das próximas gerações. Assim, não seria tempo de relembrar como tirar da natureza o necessário, viver dela, mas respeitá-la e dar-lhe tempo de se regenerar? Estabelecendo com o meio ambiente a mesma relação que esses povos tradicionais têm com a natureza?
Considerando todos esses pontos, parece coerente apontar que o melhor caminho para a valorização passa por dois pontos. O primeiro é a memória; é necessário que a história do país, a ensinada nas escolas, fale sobre esses povos, sobre sua existência, cultura e contribuições para a cultura brasileira. E o segundo é o aprendizado; é nítido que a forma dos seres humanos majoritariamente interagirem com o mundo não é sustentável a longo prazo, então, no lugar de apenas buscar soluções inovadoras, pode-se investir também no aprendizado com povos que existem e coexistem com a natureza em uma relação de respeito e equilíbrio há anos.
Através destes dois pontos será possível estabelecer um lugar para os povos e comunidades tradicionais no passado e na história, mas também no presente e no futuro. Assim, no lugar de um empecilho ao desenvolvimento, essas pessoas serão vistas como realmente são, humanos pertencentes ao Brasil, partes significativas e importantes da história e da formação sócio-cultural do país.
Enquanto grupos sociais há algumas dezenas de comunidades tradicionais no Brasil; entre elas os mais conhecidos indígenas e quilombolas, mas também pescadores, artesãos, ciganos, povos de terreiro, extrativistas, ribeirinhos et cetera. Uma coisa comum entre essas comunidades é o respeito à natureza, a vivência de cuidar dela e tirar dela o bastante para viver em paz, respeitando seu próprio tempo de regeneração e nunca destruindo desmedidamente.
Se as notícias vistas em 2023 sobre o tratamento dispensado à população Yanomami for tomado como parâmetro, é visível o quanto essa mentalidade não é valorizada no cenário sócio-cultural brasileiro. Essa desvalorização é coerente com o histórico do país, afinal, um grupo nada desvalorizado ao longo dessa história é o dos invasores portugueses; e, ao olharmos para a história das américas em geral, veremos que a colonização europeia é sempre predatória e pouco resta para lembrar dos povos existentes no território além desses colonizadores.
Falando-se em colonização predatória, é relevante apontar que esse modo de convivência com o ambiente está visivelmente esgotando a natureza, seus recursos e pondo em risco a sobrevivência humana das próximas gerações. Assim, não seria tempo de relembrar como tirar da natureza o necessário, viver dela, mas respeitá-la e dar-lhe tempo de se regenerar? Estabelecendo com o meio ambiente a mesma relação que esses povos tradicionais têm com a natureza?
Considerando todos esses pontos, parece coerente apontar que o melhor caminho para a valorização passa por dois pontos. O primeiro é a memória; é necessário que a história do país, a ensinada nas escolas, fale sobre esses povos, sobre sua existência, cultura e contribuições para a cultura brasileira. E o segundo é o aprendizado; é nítido que a forma dos seres humanos majoritariamente interagirem com o mundo não é sustentável a longo prazo, então, no lugar de apenas buscar soluções inovadoras, pode-se investir também no aprendizado com povos que existem e coexistem com a natureza em uma relação de respeito e equilíbrio há anos.
Através destes dois pontos será possível estabelecer um lugar para os povos e comunidades tradicionais no passado e na história, mas também no presente e no futuro. Assim, no lugar de um empecilho ao desenvolvimento, essas pessoas serão vistas como realmente são, humanos pertencentes ao Brasil, partes significativas e importantes da história e da formação sócio-cultural do país.