A Constituição Federal de 1988 — lei suprema e fundamental da nação — assegura, em seu artigo 6°, o direito à saúde para todos os brasileiros. No entanto, apesar dessa garantia constitucional, observa-se uma falha nesse princípio social, visto que existem empecilhos crônicos resultantes da gordofobia perpetuada na sociedade brasileira. Nesse sentido, é perceptível que o problema decorre de fatores como a omissão governamental e a ausência de informação.

Diante desse cenário, é pertinente destacar a ineficiência como um dos pilares dessa problemática. Nessa perspectiva, o filósofo John Locke afirma que é dever do Estado garantir os direitos básicos dos cidadãos. Todavia, essa premissa não é cumprida na realidade brasileira, uma vez que a máquina estatal não investe em políticas públicas capazes de proporcionar o bem-estar da população, como campanhas de educação alimentar em instituições educacionais, estimular o consumo de alimentos saudáveis e a prática de atividade física, além de ofertar condições dignas para saúde. Consequentemente, pode-se ocasionar a elevação de pessoas obesas, fazendo com enfrentem as adversidades em relação a sua qualidade de vida e dignidade social. Por isso, enquanto esse impasse persistir, difícil será combatê-lo.

Ademais, o problema é também agravado pela falta de conhecimento acerca desse assunto. Sobre isso, o escritor Peter Drucker afirma a informação é a principal estratégia para garantir o desenvolvimento social. A perpetuação da gordofobia na sociedade brasileira decorre da ausência de campanhas informativas, tanto pelas mídias sociais quanto pelos próprios veículos de comunicação, na medida que há uma defasagem na exposição de sua presença e de sua prejudicialidade na saúde mental dos indivíduos. Em consequência, isso pode acarretar seu aumento e normalização do problema no país, havendo um silenciamento da temática e da estagnação da saúde. Logo, é essencial superar esses entraves alarmantes.

Portanto, medidas precisam ser tomadas para enfrentar esses desafios. Cabe ao Ministério da Saúde — órgão provedor do bem-estar coletivo — implementar políticas públicas voltadas a mitigação da gordofobia na sociedade brasileira. Isso inclui o repasse de verbas federais, destinadas às campanhas de educação alimentar nas instituições escolares com o intuito de conscientizar os alunos a adotar um estilo de vida saudável, como alimentação equilibrada e prática de atividade. Além disso, o Estado — entre administrativo responsável pela promoção do bem comum — deve promover melhorias no sistema de saúde, por meio da ampliação de profissionais especializados, como médicos e nutricionistas, a fim de garantir o atendimento de pessoas obesas. Com essas iniciativas, os direitos fundamentais serão plenamente assegurados.