No livro Utopia , o escritor Thomas More desenvolveu um ambiente perfeito, no qual a igualdade de oportunidades e o desenvolvimento equitativo são pilares cruciais para a prosperidade da nação. Fora da obra, é fato que as desigualdades regionais no Brasil impedem a concretização dos planos de More, já que representam um desafio para uma sociedade passiva e alienada como a brasileira. Nesse sentido, em virtude da falta de políticas públicas eficazes e de uma distribuição desigual de recursos, além de uma lamentável bolha sociocultural, a perpetuação da disparidade econômica entre regiões é a potencialização da atemporalidade.

Inicialmente, é válido considerar que as desigualdades entre as regiões do Brasil são uma ocorrência atual. Isso, infelizmente, é uma consequência da concentração de investimentos e oportunidades no Sudeste e no Sul, visto que o Norte e o Nordeste, por exemplo, ainda enfrentam dificuldades econômicas e sociais. De acordo com a escritora Simone Beauvoir, vive-se uma realidade firmada no senso comum, na qual o conhecimento popular fomenta estereótipos. Paralelamente, percebe-se que o indivíduo, inserido nesse panorama, tende a estereotipar as desigualdades regionais como um fato frequente e banal, o que contribui para a naturalização do problema.

Por conseguinte, nota-se uma perpetuação da pobreza e da falta de infraestrutura em algumas regiões, visto que o investimento público é insuficiente para promover o desenvolvimento regional. Nesse sentido, segundo a Atitude Blasé — termo proposto pelo sociólogo alemão Georg Simmel —, o sujeito passa a agir com indiferença em meio às situações que ele deveria dar atenção. Nesse sentido, entende-se que, ao analisar a permanência das desigualdades regionais, o ser humano se inclina a adotar essa “Atitude”, tornando-se passivo e inerte diante da problemática.

Portanto, para reduzir as desigualdades entre as regiões do Brasil, o governo federal deve promover políticas de redistribuição de recursos e incentivo ao desenvolvimento industrial em áreas menos favorecidas, por meio de investimentos em infraestrutura e programas de capacitação profissional. Dessa forma, será possível estourar uma bolha e, felizmente, construir um espaço como a Utopia de More.