Segundo a Constituição Federal de 1988 o direito à liberdade racial é inerente a todo cidadão brasileiro e é dever do Estado assegurar esse preceito constitucional. Contudo, a atual realidade do nosso país, cuja construção foi alicerssada sobre séculos de escravidão do povo africano, pontua o descumprimento da lei vigente, haja vista o degradante cenário de racismo estrutural existente na sociedade brasileira. É urgente, então, entender como o Estado e a sociedade justificam a existência desse quadro hostil.
Sob essa perspectiva, ao analizarmos o papel do Governo brasileiro no que tange a cultura-afro-brasileira, percebemos o grande descaso com a população negra, pois a exclusão e os desafios sociais permanecem intactos. Dessa forma, enxergamos a violência social, descrita pelo sociólogo Muniz Sodré, quando nos deparamos com a negligência estatal no que diz respeito à segurança e a valorização dos negros brasileiros.
Além disso, a própria sociedade invisibiliza os dados diários de violação dos direitos legais da comunidade afro, tornando mais desafiadora a busca pelos valores culturais e pela ancestralidade africana. Essa ação social é baseada na forma como é passada para a coletividade, como afirma o sociólogo Émile Durkheim, que o meio influência os indivíduos. Desta forma, a sociedade brasileira foi construída, negando a importância da cultura dos povos africanos em nosso país.
Diante do exposto fica evidente a necessidade de intervenção do Estado, assegurador das leis, juntamente com a sociedade e as instituições educacionais em promover o bem-estar da população negra, por meio de ações sociais e políticas públicas, voltadas à divulgação da relevância da ancestralidade afro-brasileira na formação da sociedade na mídia e nos centros de ensino, desde a iniciação básica escolar, a fim de promulgar os valores ancestrais que compõem a miscigenação do Brasil, cujo povo africano é, inegavelmente, parte essencial dessa mistura racial.