Na obra "Utopia" de Thomas More, é retratada uma sociedade perfeita, padronizada pela ausência de entraves e conflitos. Entretanto, ao observar a cultura do cancelamento, evidencia-se que o padrão previsto pelo autor é constatado apenas na teoria e não na pratica, haja vista a persistência do ápice na sociedade brasileira. Nesse contexto, o entrave ocorre devido à influência midiática, além da desigualdade social no país. Assim, medidas são necessárias para reverter.
Sob esse escopo, é imprescindível destacar que o ser humano é influenciado por tudo aquilo que ouve ou vê. Então, a cultura do cancelamento cria um clima de medo e autocensura, limitando o debate público e dificultando a construção de consensos. Nesse sentido, o sociólogo alemão Adorno afirma que "a mídia cria certos estereótipos que tiram a liberdade de pensamento dos telespectadores", ostracismo digital representa uma ameaça à liberdade de expressão, ao debate público e à coesão social. Dessa forma, ao deixar de apresentar diferentes perspectivas sobre os temas em discussão, a mídia simplifica o debate e facilita a polarização, alimentando a cultura do cancelamento.
Além disso, é cabível pontuar que para Hannah Arendt, "a essência dos direitos humanos é o direito a ter direito". Isso, não acontece na pratica, porque se percebe as desigualdades sociais. Consequentemente, nota-se que a parcela marginalizada não tem acesso a um ensino escolar que priorize conteúdos que propaguem informações sobre os direitos humanos e a importância de defendê-los, especialmente no contexto digital a longo prazo e conscientização do tema, como a história dos movimentos sociais e as lutas por direitos. Assim, essa discussão se torna cada vez mais distante da parcela marginalizada, por sua vez, padecendo do direito à educação.
Portanto, a cultura do cancelamento é um desafio urgente que exige a ação das redes sociais, responsáveis por moderar o conteúdo e combater a disseminação de discursos de ódio, - investindo em ferramentas de inteligência artificial para identificar e remover conteúdos nocivos, além de promover campanhas de conscientização sobre o uso responsável das plataformas. Além disso, a complementação nas escolas e universidades, - incluindo em seus currículos disciplinas que abordem temas como ética-. Com essa medida em prática, a sociedade brasileira progredirá socialmente e se assemelhará com a obra de More.