Em uma sociedade em constante transformação, torna-se cada vez mais evidente a necessidade de repensar estruturas que influenciam o desenvolvimento humano. Dentre os desafios enfrentados atualmente, destacam-se os impactos das redes sociais na formação dos jovens, que comprometem não apenas o bem-estar coletivo, mas também princípios de convivência e identidade. Tal cenário é impulsionado, sobretudo, pela omissão governamental e pelas desigualdades sociais.
Antes de tudo, percebe-se um evidente descaso governamental em torno do uso responsável das redes sociais pelos jovens. De acordo com o artigo 6º da Constituição de 1988, todos têm direito à educação e à formação cidadã, mas essa garantia nem sempre se concretiza na prática, principalmente quando o ambiente digital se torna uma fonte de desinformação e influência negativa. Como resultado, a ausência de políticas públicas voltadas à educação digital favorece a propagação de discursos de ódio e padrões irreais de comportamento, comprometendo o desenvolvimento emocional e social dessa parcela da população.
Além disso, é cabível pontuar que as desigualdades sociais intensificam o impacto das redes sociais na juventude. Nessa perspectiva, a filósofa Hannah Arendt afirma que “a essência dos direitos humanos é o direito a ter direitos”. Contudo, essa visão não se concretiza, pois muitos jovens de baixa renda enxergam nas redes uma forma de status e aceitação que não encontram no mundo real, o que os torna mais vulneráveis a comparações e frustrações. Logo, essa desigualdade de acesso e de interpretação das informações aprofunda a vulnerabilidade emocional e perpetua o problema.
Portanto, cabe ao Estado investir uma maior parcela do PIB para combater os efeitos negativos das redes sociais na formação dos jovens. Essa ação deve ocorrer por meio do Ministério da Educação, órgão responsável por elaborar planos e políticas públicas voltadas para a educação midiática e o uso consciente da internet nas escolas. Com isso, será possível formar cidadãos mais críticos e preparados para lidar com o ambiente digital, reduzindo não só a omissão governamental, mas também os impactos sociais e psicológicos causados pelo uso descontrolado das redes.