Em 2015, as Nações Unidas criaram o programa de desenvolvimento mundial: a Agenda 2030, cujo conteúdo garante - ao menos na teoria - o fortalecimento do direito à saúde. Entretanto, ao se observar a realidade hodierna brasileira, o país se mostra bastante distante dessa meta, uma vez que ainda se perpetua a influência negativa das redes sociais no bem-estar mental dos jovens brasileiros. Assim, é necessário o debate acerca de dois aspectos centrais causadores de tal problemática: a falta de controle parental e o vício digital.

Diante desse cenário, é essencial entender a relação entre a ausência de supervisão familiar e os impactos do ambiente virtual na mente juvenil. Nesse sentido, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), em seu artigo 4º, determina que compete aos pais prestar aos filhos assistência afetiva, por meio de convívio ou de visitação periódica, que permita o acompanhamento da formação psicológica, moral e social da pessoa em desenvolvimento. Nessa ótica, a falta de monitoramento parental nas redes digitais fere o princípio previsto na norma, possibilitando o consumo de conteúdos inadequados aos jovens em detrimento da saúde mental desses indivíduos. Por conseguinte, esses conflitos podem agravar problemas psicológicos como ansiedade e depressão, bem como a banalidade de comportamentos nocivos. Então, são necessárias medidas de mitigação dessa problemática para o alcance do bem-estar da sociedade.

Ademais, o uso excessivo das redes sociais também constitui-se como importante fator que aprofunda a relação entre o uso das redes e o adoecimento emocional dos jovens. Segundo Byung-Chul Han - expoente filósofo sul-coreano -, a "Sociedade do Cansaço" é uma sociedade contemporânea onde o indivíduo se torna seu próprio opressor, impulsionado por uma cultura de autoexploração e desempenho constante, derivados de um vício digital. Nesse contexto, tal fenômeno ainda se mostra presente no país, uma vez que a sociedade juvenil nacional possui grande necessidade de estar conectado, e buscar curtidas e seguidores como forma de aprovação social. Consequentemente, a falta de aceitação pública leva muitos adolescentes ao isolamento social e a ter vergonha de sua aparência. Em suma, a dependência tecnológica é um fator agravante da problemática retratada.

Portanto, medidas necessitam ser tomadas para mitigar os desafios supracitados. Logo, é dever do Ministério da Saúde - órgão máximo responsável pela promoção saúde mental dos brasileiros -, em parceria com Organizações Não Governamentais (ONGs) especializadas no assunto, conscientizar a população jovem sobre o uso correto do meio digital, por meio de campanhas em instituições sociais e educacionais com profissionais que atuam na área, com o fito de reduzir os impactos das mídias no bem-estar emocional de crianças e adolescentes. Dessa forma, as propostas da Agenda de 2030 deixarão de ser apenas teoria e virar realidade na sociedade do Brasil.