O jornalista e escritor Gilberto Dimenstein, ao escrever a obra "O cidadão de papel", declara que, apesar do Brasil conter um sólido aparato legislativo, ele preserva-se limitado na esfera teórica. Desse modo, nota-se que o cenário brasileiro atual ainda sofre com tal descaso Estado, pois os desafios para a valorização da herança africana no Brasil persiste como problemática social. Nesse viés, a negligência governamental em promover o acesso ao conhecimento das herança africanas e a pouca valorização das figuras históricas africanas no Brasil, tornam-se um empecilho para combater a desvalorização das tradições afro-brasileira, confirmando a declaração de Gilberto Dimenstein.
Com efeito, é notória a banalização da sociedade em postular que o governo promova o acesso ao conhecimento das herança africanas. Dessa forma, para o sociólogo Zygmunt Bauman, algumas instituições perdem a sua função social, configurando-as em um "estado zumbi", isto é, ele torna-se negligente frente às necessidades dos cidadãos, como garantia da valorização das tradições afro-brasileira. A partir disso, é notável que o governo não incentiva o saber dos costumes dos negros africanos, o que gera o aumento da marginilização e do eurocentrismo na sociedade, ademais cria-se um complexo de inferioridade na população afro-brasileira e fomenta a banalização da cultura de tais povos. Nesse sentido, ao trilhar o pensamento do sociólogo Bauman, o Estado não desempenha o seu dever em totalidade desampara a população na âmbito cultural tornando-se um governo "zumbi". Por isso, é de caráter urgente que esse cenário precisa ser modificado.
Outrossim, é necessário compreender a mínima exaltação das figuras históricas africanas no Brasil. Dessa maneira, na obra "Brasil: uma biografia", a antropóloga Lilia Schwarcz, afirma a existência de uma "política de eufemismos", já que alguns problemas tendem a ser suavizados e não recebem a devida visibilidade, isto é, o Estado oculta a desvalorização da herança africana no Brasil, criando uma quimera no imaginário da população. Frente a isso, pouco se fala sobre as figuras históricas afro-brasileira, o que promove a invisibilidade dos negros africanos no Brasil e aumenta a desvalorização da herança de tais povos, ademais há uma exaltação de figuras europeias em detrimento das africanas. Diante desse cenário, ao percorrer a concepção de Lilia, o cunho de desigualdade racial e omissão do peculiar se fazem presentes , essencialmente no que se refere à mínima exaltação de pessoas históricas afro-brasileira. Desse modo, é inadiável remodelar esse quadro.
Destarte, faz-se fulcral superar os desafios da valorização da herança africana no Brasil. Para isso urge, que o Poder Executivo implemente políticas públicas que promovam a igualdade cultural com o financiamento adequado. Tal ação deve ser efetivada juntamente com o Poder Legislativo que irá orientar a sociedade para regular a vida em comum, por meio de financiamento público. Isso deve ser feito a fim de combater a pouca valorização das figuras históricas africanas no Brasil e a negligência governamental em promover o acesso ao conhecimento das heranças afro-brasileiras. Portanto, faz-se necessário repensar a valorização da cultura africana no Brasil, para deixar de ser uma utopia e se tornar realidade, modificado a visão de Gilberto Dimenstein.