Em 1988, a sociedade conheceu um dos documentos mais importantes da história do Brasil: a Constituição Cidadã, cujo conteúdo assegura o direito a herança cultural a todos. Todavia, os desafios para a valorização da herança africana, ao contrário do que prevê a carta magna, representa grave mazela para a população de origem africana no Brasil. Assim, a solução do problema exige que se combata não só a omissão da sociedade, mas também a inércia do Estado.
Diante desse cenário, a falta de cuidado da população acerca da herança africana, contribui para o apagamento de sua cultura, sobretudo, no que se refere a sua história. Sobre isso, Jean Paul Sartre, em sua obra “O ser e o nada”, afirma que as sociedades modernas evitam debater temas sensíveis, o que ficou conhecido sob o nome de acomodação social.
Ademais, o filósofo italiano Norberto Bobbio afirmava ser do Estado a dupla função de garantir direitos no texto da lei e assegurar que o cidadão o teria aplicado na prática. Entretanto, a ideologia de Bobbio, embora seja o ideal para o Brasil, representa uma realidade distante. Tal omissão das autoridades pode ser exemplificada pela ausência de políticas públicas que promovam a cultura africana.
É urgente, portanto, que o ministério da cultura e as escolas devem combater a alienação da sociedade por meio de projetos pedagógicos e comunitários como a promoção de eventos culturais que evidenciem a cultura africana no Brasil e valorizem sua história. Nessa lógica, essa iniciativa terá a finalidade de mobilizar povo e Estado na resolução da problemática que afeta o direito a herança cultural. Nesse contexto, o Brasil poderá, enfim, usufruir dos benefícios previsto em 1988.