Na obra "A república" o filósofo grego Platão idealiza uma cidade livre de desordens e problemas, em que o povo trabalha em conjunto para superar todos os obstáculos. Fora da ilustre produção literária, com ênfase na sociedade brasileira hodierna, percebe-se o oposto dos ideais de Platão, visto que as dificuldades da mulher no esporte representa um obstáculo de grandes proporções. Assim, é notório que esse cenário antagônico é fruto tanto do machismo quanto da ineficiência estatal.
É oportuno avaliar de início o machismo como perpetuador de tamanho descalabro. Na Grécia antiga os jogos olímpicos demonstraram a importância do esporte como mecanismo de integração social e transmissão cultural. De maneira análoga ao machismo, como efeito, as mulheres sofrem estigmas na entrada em qualquer modalidade esportiva, principalmente as majoritariamente masculinas, visto que o esporte tem a intenção de promover a integração social, mas isso acaba sendo limitado, um dos principais argumentos do público machista está atrelado a força. Não é razoável que, embora o Brasil seja conhecido como uma nação progressista, ainda perdure os impasses associados a inclusão da mulher no esporte.
Outrossim, nota-se a ineficiência estatal como um fator que dificulta a resolução das barreiras na incorporação do público feminino no ambiente esportivo . Conforme Zygmunt Bauman, em sua teoria "Instituições zumbis" as instituições sociais de Bauman foram dissolvidas em suas funções de controle e regimento da ordem, tornando-se "zumbis" pelo fato de manterem-se vivos, mas sem eficácia da intervenção. Sob essa ótica, isso fica perceptível no não cumprimento das leis, no qual deveria ser aplicada e ordenada corretamente. Assim, enquanto a ineficiência estatal persistir, o eixo social ficará alheio a integração da mulher no esporte, mantendo-se zumbi como o Estado de Bauman.
Depreende-se, portanto, a adoção de medidas que eliminem empecilhos na colocação da mulher no esporte. Dessa maneira, cabe ao Ministério da Educação, fazer campanhas e divulgações no ambiente escolar, por meio de discursos de autoridade, a fim de que os estudantes entendam que o esporte é para todos e que ele busca incluir. Somente assim, haverá a garantia da resolução da ineficiência estatal supracitada. Ademais, o povo trabalhará em conjunto como em "A república".