Com o evento da Terceira Revolução Industrial, conhecida como técnico-cientifica-informacional, a indústria passou a ser movida à máquinas e tecnologias e obteve um aumento na vida útil dos bens produzidos. No entanto, para não haver queda nas vendas a longo prazo, surgiu como artifício a obsolescência programada - o estabelecimento de uma "data de validade" para os bens de consumo duráveis. Dessa forma, o público é obrigado a atualizar frequentemente seus objetos, principalmente eletrônicos e eletrodomésticos, fator que enriquece a indústria, mas que traz perigos para a natureza devido ao aumento do volume de lixo.
Em primeiro plano, pode-se observar que, a fim de se recuperar da crise de 1929, as grandes empresas começaram a desenvolver um sistema que torna os objetos ultrapassados rapidamente. Dessa forma, o consumidor, ao se deparar com com os aparelhos mais recentes e com novas utilidades sendo exaltados pela mídia, renova-os constantemente, produzindo altos lucros. Nesse contexto, o sociólogo Bauman desenvolveu o conceito de "sociedade de consumo", visto que, atualmente, a população constrói suas camadas baseando-se nos bens materiais e no quão atuais eles são. Ao notar isso, a indústria e a mídia se aproveitaram desse fator, que possibilitou o sucesso da obsolescência programada como forma de incentivar o consumo desenfreado.
Entretanto, um dos grandes perigos desse sistema é o lixo produzido que, junto com os ganhos empresariais, também cresce exponencialmente. O descarte indevido de materiais eletrônicos gera riscos para a saúde humana e para a natureza, pois além dos longos anos em decomposição, há liberação de gases e metais tóxicos que contaminam o ar, o solo e os lençóis freáticos. Além disso, os países industrializados depositam seu lixo eletrônico em países subdesenvolvidos que, sem tratamento, expõem sua população, naturalmente mais pobre e fragilizada, aos riscos quimicos. Segundo estudos publicados pelo jornal The New York Times, todos esses danos poderiam diminuir caso as empresas não vizassem apenas os lucros e abrissem mão da obsolescência programada, pois cada aparelho celular atual que é trocado de ano em ano, teria capacidade de funcionar perfeitamente durante, em média, 15 anos.
Portanto, cabe ao Ministério da Educação implantar aulas de educação financeira nas escolas, que é um espaço fundamental na formação do caráter dos indivíduos, a fim de ensiná-los a ter um bom manejo do dinheiro e torná-los adultos menos consumistas. Somado a isso, a mídia deve, por meio de rádio e tv, anunciar massivamente empresas de reciclagem de aparelhos eletrônicos e eletrodomésticos, com a intenção de aumentar o descarte correto e minimizar os riscos ao planeta. Através dessas ações, os danos causados pelo sistema de obsolescência programada diminuiria de maneira rápida e constante, não só no Brasil, mas a nivel global.