No seriado de televisão os treze porquês, é retratado os desafios provocados pela depressão na perspectiva da adolescente Hannah, que sem obter assistência psicológica ocasiona a precarização de seus relacionamentos e também a evolução da doença, por fim acarretando o suicídio da personagem. Na realidade brasileira, a crítica do seriado é verificada no estigma associado às doenças mentais, que gera a dificuldade das pessoas afetadas de solicitarem por diagnóstico e tratamento devido ao julgamento negativo ainda presente na sociedade.
Com isso, emerge um problema sério, em virtude do constrangimento prévio presente nas vítimas ao procurar conscientização e na deterioração dos aspectos pessoais e profissionais naqueles que enfrentam a doença sem ajuda psicológica.
Nesse cenário, ressalta-se, de início, a falta de compreensão para identificar os sinais manifestados em vítimas de distúrbios mentais, de forma a contribuir com o aumento da severidade nos casos. Van Gogh, famoso pintor holandês, apresentou durante anos de sua vida sintomas depressivos, que visto à ausência de estudos somados à desinformação exposta na sociedade da época se resultou no suicídio do artista. Assim expondo que a ausência de informação e a construção de preconceitos em torno do tema são fatores determinantes para a permanência do problema.
Além disso, outro fator influenciador é a carência de práticas efetivas para o tratamento de doenças mentais. No filme, bicho de sete cabeças, o protagonista é internado em um hospício com a esperança de curar seu distúrbio, porém ao decorrer da trama é exibido como as técnicas utilizadas pela instituição instigaram o desenvolvimento de mais sintomas e o impediram de prosseguir com a sua vida de forma saudável. Fora da ficção, tal fenômeno também se encontra presente no cenário brasileiro, uma vez que optar por métodos sem referências científicas ou negligenciar indícios de alguma enfermidade psicológica é provável de contribuir para a evolução do quadro e paralelamente a descrença de eventualmente alcançar uma vida sustentável.
Portanto, é indispensável intervir sobre esse cenário. Para isso, o governo, deve criar ações governamentais que facilitem o alcance de tratamentos psicológicos de qualidade a fim de possibilitar o acesso à saúde para todos. Tal ação pode, ainda, disseminar mais informações acerca de transtornos mentais. Dessa maneira, será possível superar os desafios da privação de um diagnóstico e a existência da intolerância sobre a questão mental.