Para a filósofa brasileira Djamila Ribeiro, “Antes de atuar diante de um problema, é necessário retirá-lo da invisibilidade”. Essa afirmação aplica-se aos desafios para o aumento da doação de órgãos no Brasil, uma vez que a ausência de visibilidade da problemática gera a falta de uma reação social efetiva. Entre os fatores que se articulam a esse impasse, ressalta-se a insuficiência de estrutura hospitalar e a desinformação.
De início é inegável que a insuficiência de estrutura hospitalar é um dos principais empasses para o maior número de captação de órgãos. Na série brasileira “Sob-Pressão” retrata de forma realista a rotina de médicos e pacientes em hospitais públicos, e denuncia o desleixo de como a saúde é tratada pelo poder público marcados pela ausência de recurso, negligência institucional e falta de infraestrutura. Nesse viés, lamentavelmente, tal situação condiz com a realidade brasileira, que por falta de recursos ou até mesmo de preparo de profissionais adequados para tal tarefa acabam negligenciando a doação de órgãos que poderia estar salvando milhares de vidas brasileiras.
Além disso, indubitavelmente a desinformação está ligada à falta de doação de órgãos no Brasil. Segundo a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), a taxa de recusa familiar é de 45% no Brasil, sendo assim quase metade das famílias dizem não mesmo quando o paciente poderia ser um doador em potencial. Diante disso, o compartilhamento de fake news é de mitos sobre a doação interferem de forma direta na decisão dos familiares do paciente, já que cabe ao parente mais próximo tomar essa decisão tão importante.
Infere-se, portanto, que medidas sejam empregadas para amenizar esse cenário.Inicialmente, Estado, órgão responsável pelo bem-estar de um país, deve promover projetos de conscientização da importância da doação de órgãos, por meio de campanhas midiáticas e palestras sobre o assunto, a fim de desmistificar e informar a população para ser possível o aumento do número de doações no Brasil. Ademais, produções midiáticas, a exemplo de filme, novelas e séries poderiam abordar a insuficiência de estrutura hospitalar, a fim de sensibilizar a população. Desse modo, o corpo social brasileiro evidenciará que não se habituou ao baixo número de doações de órgãos, assim como preconizado por Djamila Ribeiro.