Em 1948, a Declaração Universal dos Direitos Humanos, embora não mencione explicitamente o etarismo, foi promulgada visando defender um dos direitos mais relevantes para o indivíduo: o direito à igualdade e a não discriminação. Todavia, as perspectivas acerca do envelhecimento na sociedade brasileira impedem que os idosos vivenciem o benefício assegurado pela lei internacional. Assim, há de se combater o silenciamento social, bem como a omissão do estado.
Diante desse cenário, a inércia da sociedade motiva a permanência desse estereótipo. Sobre isso, o filme “UP, Altas Aventuras” narra a aventura de um idoso exausto da pressão imposta pela sociedade, partindo para conhecer as montanhas, acompanhado de um adolescente escoteiro, em busca do seu sonho e fugindo da rotina monótona e deprimente do centro urbano em que habitava. Entretanto, a sociedade brasileira se mostra incapaz de se sensibilizar com os personagens da obra, já que os idosos ainda são invisibilizados. Essa negligência pode ser exemplificada pela falta de atividades comunitárias destinadas ao público de idade avançada, bem como pela falta de debate público em relação à igualdade na terceira idade. Logo, é incoerente que o Brasil ainda conviva com o arcaico dilema do silenciamento social.
Ademais, a omissão do Estado estimula indiretamente a desigualdade. Nesse aspecto, a Constituição Federal de 1988, em seu artigo 5°, quando promulgada, teve o objetivo teórico de garantir a igualdade à todos. No entanto, o governo revela-se inapto de cumprir, na prática, as garantias de proteção ao idoso, sobretudo no que se refere a esta problemática. Essa fragilidade de medidas estatais é evidenciada pela dificuldade de alcançar a qualidade de vida, distanciando ainda mais do bem-estar necessário para uma vida digna. Desse modo, enquanto o descaso governamental for a regra, a população de idade avançada terá sua dignidade enfraquecida.
É urgente, portanto, que o Ministério da Educação e as instituições de ensino – responsáveis pela transformação social – contribuam para desenvolver a empatia dos indivíduos, por meio de projetos sociais, a exemplo de debates nas escolas sobre a importância do respeito à terceira idade, bem como a inclusão de atividades comunitárias destinadas ao desenvolvimento dos idosos. Essa iniciativa tem a finalidade de mobilizar o Estado a combater a desigualdade e a discriminação, como também de garantir que o conceito defendido pela declaração universal preserve, de fato, os direitos humanos dos idosos.