Na obra "Quarto de Despejo" de Carolina Maria de Jesus, a autora relata os desafios enfrentados para sobreviver e manter seus três filhos; além da notável desigualdade social sofrida, o preconceito era constante na vida desta. É relevante destacar que, desde os tempos mais remotos até a contemporaneidade, a sociedade e o Estado perpetuam o viés racial no Brasil, impossibilitando a valorização sociocultural.

Paralelo ao exposto, desde 1500 - data do denominado "descobrimento" do país - é notório os impactos causados durante e após o período de escravização e exploração dos povos africanos, bem como a desvalorização de suas culturas. Há 200 anos da primeira Constituição Federal, a atual, de 1988, garante aos cidadãos o direito à liberdade de expressão, entretanto, cabe ao ser humano discernir até onde o seu direito pode ser considerado legal. Construir um pensamento racista em cima de um direito é mais comum do que se pode imaginar, o racismo estrutural enraizado na sociedade brasileira demonstra fielmente que, apesar de toda a contribuição - forçada - dada pelos povos africanos para a construção do Brasil, estes nunca foram devidamente valorizados ou recompensados.

Mediante a educação brasileira, é possível analisar a ausência de estudo e representações da cultura africana. Essa deficiência traz uma perpetuação do viés racial, impossibilita que a sociedade tenha conhecimento ou que se aprofunde quanto a história do Brasil. Ademais, a falta de representatividade é um dos impasses mais comuns, tendo em vista que, sem uma referência, a chance de formar-se mais pessoas sem identidade cultural aumenta consideravelmente.

Portanto, o Governo Federal deve implementar Políticas Públicas para a valorização da cultura africana, bem como projetos que incentivem o estudo e a discussão em sala de aula. Promover campanhas de conscientização e palestras nas escolas e universidades, tendo como finalidade a valorização da sociedade para com os feitos e história dos povos africanos, reconhecimento e respeito este necessário para que pessoas negras, como transcreve Carolina Maria de Jesus, não desejem nascer em um lugar onde o preto é feliz.