Na obra intitulada Brasil, País do Futuro, Stefan Zweig, escritor austríaco, em sua visita ao Brasil, defendeu a ideia de que o país estava destinado a ser um dos mais importantes do mundo no futuro. No entanto, mais de 80 anos depois, as previsões do autor ainda não se concretizaram, pois o reconhecimento da contribuição das mulheres nas ciências da saúde no Brasil configura um entrave para isso. Observa-se, assim, que isso ocorre porque os obstáculos estruturais e os entraves socioculturais impedem a resolução da questão.

Em primeiro plano, os obstáculos estruturais são um fator decisivo para a permanência do problema, como a pouca representatividade da mulher em cargos de poder e barreira no financiamento na publicação científica. Isso ocorre porque a ausência de investimentos contínuos e de estratégias específicas voltada para a valorização feminina na ciência da saúde contribui para o agravamento da situação. Tal cenário pode ser relacionado ao pensamento do filósofo John Rawls, que defende que a justiça social se concretiza quando todos têm acesso igualitário a direitos e oportunidades.

Além disso, os entraves socioculturais dificultam a superação dos desafios ligado ao reconhecimento da contribuição das mulheres na ciência da saúde,como o machismo e os estereótipos de gênero, que associam funções predominante masculinas à pesquisa científica. Sob essa ótica, o sociólogo Zygmunt Bauman, em sua obra Modernidade Líquida, afirma que a sociedade contemporânea enfrenta dificuldades para lidar com problemas estruturais justamente por sua fluidez e fragmentação. Nesse sentido, grande parte da população desconhece a importância ,o que impede avanços significativos. Essa realidade compromete a construção de uma sociedade mais justa, informada e inclusiva.

Portanto, cabe ao Estado, em parceria com instituições educacionais e organizações sociais, criar políticas públicas integradas para o reconhecimento da contribuição da mulher na ciência da saúde no Brasil .Isso pode ocorrer por meio de campanhas nacionais de visibilidade das mulheres na saúde e programas educativos permanentes, veiculados em mídias digitais e televisão aberta, com linguagem simples e acessível, a fim de informar a população a importância do reconhecimento da mulher. Além disso, o Ministério da Comunicação deve investir em estratégias de divulgação e sensibilização social. Tais medidas buscam reduzir os impactos da precarização, garantir maior justiça social e promover a construção de um país mais igualitário.